11 outubro 2014

Home Lovers. A imobiliária que nasceu no Facebook


Chamam-lhe a mediadora cool. Não tem lojas nem comerciais, apenas apaixonados por casas que usam ténis em vez de fato e gravata. Mas está a crescer. Há três anos eram dois, hoje são 30 e já pensam em exportar o conceito. O segredo está nas casas.
A história da Home Lovers começa como muitas histórias de sucesso de empreendedores que estavam desempregados, ou insatisfeitos com os empregos. Magda e Miguel Tilli também queriam mudar de vida. 

Ela, hoje com 37 anos, trabalhava na TAP e estava em casa de baixa de parto do segundo filho, mas não queria voltar à companhia área. Ele, agora com 45, era advogado na empresa do pai e tinha investido tudo num franchising da mediadora imobiliária Fita Métrica. Gastaram quase 50 mil euros, mas foram apanhados pela crise. "Correu pessimamente. Tínhamos casas para vender e só queriam arrendar", conta Magda.

Dois meses depois, em novembro de 2011, nasceu a Home Lovers. "Percebemos que o mercado estava a mudar, que não havia nenhuma empresa só de arrendamentos e decidimos especializar-nos nisso", diz. "Mas quando se perde o dinheiro todo e se tenta de novo é preciso ter cuidado, principalmente com quatro filhos. Por isso, fizemos tudo passo a passo". O investimento foi zero. "Como não tínhamos dinheiro para divulgar as casas lembrei-me do Facebook", diz Magda. Tinham três para arrendar no centro de Lisboa e um objetivo: fazer o oposto do que se faz quando se lança uma imobiliária.

Além da especialização no arrendamento - quando ninguém queria, porque dá menos lucro - romperam com a cultura formal das mediadoras. "Aqui ninguém tem a postura de vendedor de fato e gravata. Andamos todos de ténis e descontraídos", diz. Aliás, na equipa de cerca de 30 pessoas não há comerciais. "Temos três ou quatro pessoas que eram proprietários de casas que mediámos, temos arquitectos e decoradores, eu sou jurista e o Miguel é advogado", repara Magda. Além disso, são a primeira imobiliária que não tem lojas. "No início não podíamos ter e depois tornou-se uma opção. A nossa montra é o Facebook. Fizémos o site há dois meses para os proprietários mais céticos, que diziam que o Facebook era para miúdos".

A casa Home Lovers
O que realmente distingue a empresa são as casas. Como muitas outras ficam no centro das cidades, ou nos bairros históricos e a maior parte são antigas e reabilitadas. Mas são a agulha no palheiro que demora a encontrar. "São casas únicas, com vida, bem cuidadas, cómodas e aconchegadas", explica Magda. Fica quase sem palavras quando lhe perguntam o que é uma casa Home Lovers. Até porque, conta, o conceito foi criado pelas pessoas e não por eles. "Nós só criámos o nome, porque gostamos de casas", diz. Mas "não têm de ser casas caras". Já tiveram T0 ou T1 para arrendar por 500 euros, T2 à venda por 120 mil euros e agora têm um T2 com pátio em Campo de Ourique para arrendar por 900 euros. Mas também têm casas de dois milhões de euros.

Levar o conceito para fora
Na Home Lovers, toda a equipa vibra quando encontram uma casa de que gostam na internet, ou quando angariam um imóvel novo. Quase com a inocência de uma criança. É precisamente esta ingenuidade que Magda não gostava que se perdesse, mas a empresa está a crescer rapidamente. Em três anos, as duas pessoas passaram a 30, criaram um site e estão a pensar numa aplicação para telemóveis. Já as casas angariadas passaram de três para 400 e, no ano passado, começaram a mediar vendas. Aliás, hoje têm 210 casas para vender e 190 para arrendar. "É verdade que algumas nem chegam a entrar na lista porque são logo arrendadas, mas o mercado está a virar e tivemos de nos ajustar", diz Magda. A associação das mediadoras diz que estão, de novo, a fazer-se mais vendas que arrendamentos por causa dos estrangeiros, que pesaram 23% nas operações deste ano. E os estrangeiros, principalmente europeus, são um importante cliente da Home Lovers. No final da entrevista, até nos cruzámos com um casal de ingleses de 60 anos, que apareceu nos escritórios da Rua Castilho, em Lisboa, para ir "ver um apartamento".

O crescimento da empresa foi tão inesperado - Magda confessa que ficou admirada com o bom gosto dos portugueses -, que depois de Lisboa, abriram escritório no Porto e em Cascais. "Mas não imagino a empresa gigante. Imagino-a onde está e no máximo no Algarve", diz. "A fazer mais alguma coisa será fora do país, por exemplo, em Espanha, com uma equipa escolhida por nós". Só há uma coisa que nunca vai mudar. "Os imóveis têm de ser sempre casas Home Lovers. Não queremos ter todas as casas, porque se forem todas somos a Remax".

221 mil seguidores
As Home Lovers todas têm 220.716 seguidores no Facebook. É por aqui que chegam mais contactos, proprietários e compradores.

Fonte: Dinheiro Vivo

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