18 agosto 2014

Inquilinos despejados nunca pagam


Raramente os senhorios conseguem recuperar as rendas em atraso em situação de despejo. A esmagadora maioria dos inquilinos prefere arrendar a casa vazia, quem é despejado por rendas em atraso quase nunca as paga e para quem tem contratos antigos a atualização do valor mensal gerou discórdia em 60% dos casos.

Um estudo feito pela Deco (Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor) e publicado na revista "Dinheiro & Direitos" de agosto concluiu ainda que "um em cada cinco inquilinos com contrato recente (após 1990) tentou negociar um desconto nos últimos três anos. Quase 40% acabaram por ser bem-sucedidos".

O estudo, que partiu de uma amostra de 1.761 pessoas, entre senhorios e inquilinos com contratos antigos e mais recentes, mostra que a atualização das rendas, a necessidade de obras e o pagamento de algumas despesas como o IMI e as quotas de condomínio estão entre as principais preocupações de ambas as partes.

Entre os inquiridos no estudo da Deco, verificou-se que a maioria optou por arrendar a casa vazia e a renda média situa-se nos €250. Uma análise mais detalhada permite constatar que quem arrendou antes de 1990 consegue pagar uma renda bastante mais baixa (aqui a média é de €168), enquanto que os contratos mais recentes chegam aos €355.

Um ano para libertar a casa

Outro dado pertinente apurado no estudo é o tempo significativo que um senhorio leva para conseguir recuperar o imóvel de um inquilino não cumpridor. No caso em que a relação entre o senhorio e inquilino terminou mal, a falta de pagamento da renda foi quase sempre a principal razão para 86% dos casos. "Um quarto dos inquilinos notificados abandonaram a casa ao fim de dois meses, mas cerca de 40% demoraram entre três meses e um ano.”

Mais: "Um em cada sete ainda não tinha saído quando realizámos o estudo, sendo que a maioria já tinha sido notificada há mais de dois anos". Nem a ordem judicial parece demover quem não paga, pois mesmo nas situações em que o processo de despejo implicou o recurso a tribunal isso não acelerou a saída da casa, que levou entre três a seis meses, em média.

Recuperar as rendas em atraso é uma tarefa ainda mais difícil. Por análise das respostas obtidas no inquérito, a Deco apurou que, na esmagadora maioria dos casos em que houve despejo, "os senhorios nunca conseguiram recuperar as rendas atrasadas e perderam, em média, €2.870". Ainda assim, 47% dos inquiridos tentaram reavê-las pela via judicial, ainda que sem resultados no momento em que responderam ao inquérito da Deco.

Fonte: Expresso

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