18 junho 2014

Proprietários estão a aumentar descontos nas rendas das casas


Apesar do volume de contratos de arrendamento se manter em linha com a atividade registada o ano passado, os descontos aplicados pelos proprietários face à renda pedida inicialmente estão a aumentar. Em 2013, esse desconto estava em 20 e 50 euros e atualmente pode ir até aos 100 euros.

Se em 2013, os contratos de arrendamento celebrados estavam “normalmente entre os 20 e os 50 euros abaixo da renda pedida, atualmente chegam a estar entre os 20 e os 100 euros”, revela Luís Menezes Leitão, Presidente da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), referindo-se ao universo dos contratos celebrados pelos associados desta entidade. 


Dados da Confidencial Imobiliário (Ci), no âmbito do Sistema de Informação Residencial (SIR) – que trata informação dos arrendamentos das principais imobiliárias a nível nacional, produzindo estatísticas sobre rendas contratadas –, revelam que, em média, em 2013, as rendas contratadas em Lisboa (concelho) ficaram 12% abaixo das rendas pedidas na altura em que as casas são colocadas em oferta, enquanto que no Porto ficaram 14% abaixo. As mesmas estatísticas indicam que as rendas médias contratadas em 2013 foram de 7,9€/m2 em Lisboa e 5,7€/m2 no Porto.

Para o líder da ALP, esta diferença entre as rendas pedidas e as rendas contratadas “deixa entender que, depois das sucessivas quebras verificadas em anos anteriores, os proprietários incorporam uma expectativa de subida dos valores das rendas”, embora , na sua opinião, “esta expectativa não esteja a ser correspondida nos contratos celebrados”.

Também Ricardo Guimarães, Diretor da Ci, nota que “as rendas foram ajustando, caindo sucessivamente ao longo dos últimos anos” e, na sua opinião, a estabilização das rendas será mesmo o “principal desafio futuro para este mercado”. O especialista acredita que tal venha a suceder , admitindo que “pelo menos as rendas deixem de cair, em especial se o ambiente económico evoluir favoravelmente”. “Dificilmente a rota será de subida de rendas”, defende Ricardo Guimarães, “até porque se antecipa que muitos dos esforços de consolidação das contas públicas se fará através dos recursos das famílias”, o que fará “perdurar as restrições do lado da procura”.

Para Menezes Leitão, em 2014, “a ocorrer uma subida das rendas, será muito ténue”, tal como se nota na evolução do valor médio nos contratos celebrados já este ano pelo universo de associados da ALP (de 450 para 455 euros). “Ainda haverá que esperar por 2015 para se assistir a uma franca recuperação deste setor”, diz o presidente da ALP.

Arrendamento continua ativo

Em termos de volume de arrendamentos, “é expectável que em 2014 haja uma evolução positiva do mercado de arrendamento”, diz a ALP, avançando que apesar de um inicio de ano pouco dinâmico, “com muitos poucos contratos de arrendamento celebrados em janeiro”, os valores acumulados até maio “já se encontram em níveis superiores aos do ano passado”, explica Menezes Leitão.

Para o líder associativo, o facto do crédito à habitação continuar “bloqueado” será um factor a influenciar positivamente este mercado, mas para Ricardo Guimarães é preciso ter em conta que “as perspetivas de que a Banca começa a abrir um pouco mais o crédito e de que os preços de venda começam a estabilizar” podem afetar a atividade pelo lado da oferta de casas para arrendar, pois “os proprietários podem avaliar a venda em alternativa ao arrendamento, tal como no passado fizeram o inverso”. A acontecer este movimento, o “arrendamento terá de lutar pelo seu lugar no mercado, deixando de funcionar somente como válvula de escape para quem não consegue comprar ou vender”, defende o diretor da Ci.

Crente que “a nova lei das rendas e a menor carga fiscal decorrente da introdução da taxa liberatória ajudarão a esta consolidação, Ricardo Guimarães, frisa contudo que “importa ver como as rendas vão evoluir”. Para já, continuam a evoluir favoravelmente, com Índice Confidencial Imobiliário de Rendas a dar nota de, no 1º trimestre deste ano, as rendas das casas em Portugal cresceram 0,5% face ao mesmo período do ano passado, e que em Lisboa e no Porto essa variação foi de 0,3% e 0,7%, respetivamente.

Fonte: Público

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