11 junho 2014

Exportação impulsiona recuperação do imobiliário em 2014


As compras de imóveis por estrangeiros são apontadas por diversas associações ligadas ao imobiliário como uma das bases para a recuperação do mercado em 2014, a par da reabilitação urbana. Só no 1º trimestre de 2014, de acordo com dados avançados pela APEMIP – Associação das Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal, cerca de 3.500 cidadãos estrangeiros investiram em imobiliário português, sendo responsáveis pela compra de 14% do total de imóveis transacionados nesse período, um número que esta associação coloca nas 24 mil unidades, entre imóveis urbanos, rústicos e mistos. 

Mas para Luís Lima, presidente desta associação, o potencial para a exportação de imobiliário português é bastante maior, com o profissional a estimar que o investimento estrangeiro em imóveis no nosso país possa atingir um volume de entre 1,5 a 2 mil milhões de euros no total do ano 2014, um número que considera “facilmente multiplicável, pois há outros setores a beneficiar do investimento feito em imobiliário”, entre os quais o da saúde, da restauração ou do turismo.

O regime fiscal para Residentes Não Habituais (RNH) e o programa de atribuição de Vistos Gold têm desempenhado um papel determinante na captação deste investimento estrangeiro, de acordo com os líderes associativos auscultados. Para Reis Campos, presidente da CPCI – Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, “o mercado imobiliário nacional revela sinais de estabilização e, em alguns segmentos, assiste-se a um retomar da atividade. É o caso da procura por parte dos investidores estrangeiros”, que o presidente da CPCI considera ser resultado destes dois programas e cujo potencial de investimento este ano posiciona também em 2 mil milhões de euros.

Do mercado imobiliário, em geral, Reis Campos sublinha que “o próprio Banco Central Europeu realça os sinais de inversão e assinala Portugal como o país da Zona Euro que tem maior potencial de valorização do seu imobiliário”. O responsável admite que “a economia portuguesa ainda está numa situação débil e que a dinâmica ainda estar longe do que gostaríamos, mas é um facto de que a recuperação, embora ténue, já está em curso”. De acordo com a CPCI, as transações imobiliárias realizadas no final do 1º trimestre registaram um crescimento homólogo de 29%, observando-se também um aumento de 500 milhões de euros no volume de novos créditos à habitação.

Em concreto no Turismo Residencial, aquelas duas iniciativas legislativas são igualmente apontadas como um dos fatores que mais contribuiu para a evolução positiva deste segmento na primeira metade do ano, a par da conjuntura económica mais favorável e da promoção internacional de Portugal como “melhor destino” de Turismo Residencial que “está a ser realizada de forma sistemática pela Associação Portuguesa de Resorts (APR)”, nota o seu diretor executivo, Pedro Fontainhas. Para este responsável, quer o regime de RNH quer o Golden Visa “têm gerado excelente interesse por parte de investidores estrangeiros”. Além disso, os roadshows, eventos e campanhas promovidos e integrados pela APR em mercados estrangeiros “têm gerado um aumento notável do interesse de investidores e possíveis futuros residentes no nosso país”, revela Pedro Fontainhas. O diretor executivo da APR, citando dados divulgados de DGACCP, avança que só nos primeiros três meses do ano foram conseguidos 160 milhões de euros de investimento estrangeiro em imobiliário em Portugal. Por isso, e face a um mercado que tem estado “muitíssimo mais animado do que em 2013”, Pedro Fontainhas acredita que “esta invulgar animação da primeira metade do ano venha a aumentar ainda mais na segunda metade do ano”, em resultado da intensificação das ações encetadas pela associação e dos restantes fatores na base desta melhoria, além da “excelente competitividade da atual oferta de Turismo Residencial: qualidade irrepreensível, diversidade, e um dos melhores índices preço/rendimento dos 27 países analisados pela OCDE”, remata o representante da APR.

Retoma também será motivada pela reabilitação urbana

De acordo com Reis Campos, que preside à CPCI, a reabilitação urbana é outro dos pilares para a retoma do imobiliário. Este segmento representa, a nível nacional, cerca de 38 mil milhões de euros, estima a CPCI, que avança ter sido evidente uma melhoria dos indicadores relativos a este mercado já durante o primeiro semestre. Esta melhoria foi confirmada pelo Barómetro da CPCI, que regista um crescimento médio mensal de 2,5% do indicador de confiança dos empresários.

Reis Campos está confiante em que o “dinamismo revelado até agora em matéria de transações imobiliárias venha a ser complementado com uma melhoria transversal de todo o mercado”, como é o caso da reabilitação. Mas, na sua perspetiva, para este setor dispare, “é necessário que medidas como a taxa liberatória, a revisão da lei das rendas, ou a recente simplificação das exigência técnicas quando se trate de obras de reabilitação, sejam complementadas com a implementação de outras soluções, como um programa de financiamento de particulares”.

Imobiliário comercial já está a recuperar

Nos segmentos de imobiliário comercial – i.e., não residencial – a nota em 2014 também é de recuperação. Paulo Silva, Presidente da ACAI – Associação de Empresas de Consultoria e Avaliação Imobiliária, sublinha ao Público Imobiliário que este mercado “está registar uma recuperação dos seus indicadores de atividade em todos os segmentos”, com um “acréscimo do número de operações, de metros quadrados transacionados e de volumes de negócio envolvidos”. A recuperação é mais óbvia no mercado de escritórios, que nos primeiros quatro meses do ano já cresceu 70% - em termos de área arrendada pelas empresas – face ao período homólogo.

O ritmo pode parecer elevado, mas, nos escritórios tal como nos restantes segmentos, “esta recuperação está a concretizar-se sobre níveis de operacionalidade muito baixos, talvez dos menores registos algumas vez verificados nos diferentes setores do mercado imobiliário”.

No caso do mercado de escritórios, esse mínimo foram os 77.000 m2 de absorção anual atingidos o ano passado, o registo mais baixo dos últimos 16 anos. Já na ótica do investimento – especificamente em ativos de rendimento -, a tendência de recuperação também está patente. O ano passado já foi de retoma para este mercado, com o volume transacionado – em torno dos 320 milhões de euros – a ficar acima da soma da atividade nos dois anos anteriores, e este ano “iremos manter a tendência de crescimento, embora provavelmente a um ritmo inferior”, antecipa o presidente da ACAI. Mas, em geral, diz este profissional, “será um ano claramente melhor que 2013 para todos os segmentos do mercado imobiliário”.

Fonte: Público

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