26 maio 2014

Franceses batem todas as expetativas no Salão de Paris


Seniores franceses procuram casas de norte a sul de Portugal, numa feira concorrida. Sentados no muito disputado auditório Fernando Pessoa, no pavilhão principal de Porte de Versailles, em Paris, afeto à 3ª edição do Salão de Imobiliário Português, o casal Jean-Dominique e Marie Claudel, ambos na casa dos 60, segue atentamente a apresentação do Turismo de Portugal que passa no ecrã gigante. 250 dias de sol, uma costa marítima de 800 quilómetros, um dos países mais hospitaleiros do mundo... 

As vantagens competitivas de Portugal sucedem-se. O casal já está há muito convencido, até porque adquiriu uma casa em Alvor, no Algarve, em junho do ano passado. Este ano regressaram ao salão que decorreu na semana passada na capital francesa porque querem comprar outro imóvel para arrendar e conseguir uma boa margem de rentabilização, confidencia o casal, ele arquiteto, ela professora universitária.


"A maior parte das pessoas que recebemos no nosso stand do salão são franceses atraídos pelo regime fiscal do residente não habitual. A maior parte reformados. Diria que apenas 20% são emigrantes ou luso-descendentes", aponta Nelma Serpa Pinto, da mediadora Predibisa, acrescentando que alguns já pensam no investimento e perguntam os preços praticados nos arrendamentos em Portugal. Os valores envolvidos na compra de casa podem variar muito consoante as bolsas mas a média de investimento ronda os €250 mil.

Esta 3ª edição veio confirmar que o imobiliário português está definitivamente em alta para o mercado francês. A maioria dos 140 expositores que marcaram presença entre imobiliárias, promotores, escritórios de advogados e solicitadores, entre outros, congratularam-se com os resultados durante os três dias do evento.

A feira, organizada em parceria pela Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa e a Fundação AIP (no âmbito da internacionalização do SIL), recebeu exatamente 14.366 visitantes, segundo Sandra Fragoso, gestora de feiras da AIP. "Este ano o salão superou todas as expectativas, quer ao nível de visitantes (eram esperados cerca de 7000) quer ao nível de expositores que passaram de 60 no ano passado para 140 este ano, um aumento de 133%".

"Esta foi a melhor feira em que estivemos nos últimos três anos. Ficámos agradavelmente surpreendidos. Os franceses estão muito focados naquilo que querem e, no nosso caso, procuraram muito imóveis no Algarve e em Lisboa. Outra preocupação é estar no máximo a uma hora de distância de um aeroporto", diz Miguel Poisson, presidente do grupo Era Portugal. 

Vítor Pereira, broker das lojas Remax Tavira e Telheiras, acrescenta que "eles gostam muito de bairros históricos e em Lisboa procuram casas na Lapa, Graça, Chiado, Príncipe Real, Alfama, dispensando zonas novas como a Expo, por exemplo". 

Ricardo Sousa, presidente da Century 21, em Portugal, grupo imobiliário que teve a maior representação do salão com 23 agências, especifica os montantes que os franceses estão dispostos a investir: "Para quem procura imóveis para recuperar e arrendar, os valores variam entre os €100.000 e os €250.000. Os clientes que procuram habitação própria estão dispostos a investir entre os €300.000 e os €600.000 e para quem pretende investir em prédios inteiros para reabilitar e herdades, os valores médios de investimento situam-se entre os €500 mil e os dois milhões".

Investimentos de milhões 

Ainda que Lisboa e Algarve ocupem as preferências dos franceses, é de referir que o interesse em habitar noutras zonas do país foi também notório. "Temos contactos para ver casas no Porto, Viana do Castelo e Figueira da Foz. Eles sabem muito bem o que querem", diz Nelma Pinto, da Predibisa. "Até me pediram casas na costa alentejana, o que é muito interessante", reforça Helena Pedras, da Optimhome, acrescentando que o requisito habitual para esta zona e o Algarve é "para moradias T3, não forçosamente junto ao mar, pois já perceberam que conseguem um bom preço se estiverem um pouco mais retirados".

Outro fenómeno que se começa a consolidar, numa altura em que a simplificação do regime do residente não habitual está a fazer dois anos, é a expansão dos investimentos para patamares muito superiores e que envolvem empresas. "Muitas empresas francesas estão a aproveitar este interesse dos seniores. Existe um conjunto de serviços que já está a ser preparado e que irá servir esta comunidade que acreditamos chegue aos 20 mil até finais de 2015", diz Carlos Vinhas Pereira, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa (CCI-FP). São seguradoras francesas que estão a preparar pacotes de seguros de saúde, empresas de 'acolhimento' que acompanham os seniores até Portugal e tratam de todo o tipo de burocracias (como requisitar serviços de luz, água e gás, por exemplo) ou ainda, numa outra dimensão, fundos imobiliários que querem abrir a os residências seniores direcionadas para os reformados franceses. "Neste caso estão dispostos a investir entre €10 milhões a €20 milhões", adianta. 

Miguel Nogueira Leite é advogado do escritório Telles de Abreu e Associados e tem acompanhado alguns destes grandes investidores. "Já estão a ser fechados vários negócios nesta área das residências seniores. Nós temos acompanhado alguns", refere, dando como exemplo uma empresa francesa que quer construir estabelecimentos de raiz em Lisboa e no Porto.

Fonte: Expresso

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