23 fevereiro 2014

Estrangeiros fazem fila para comprar casas de luxo


O único prédio de habitação de luxo em construção na Avenida da Liberdade, em Lisboa, está a vender um apartamento em cada 15 dias. Na Rua da Madalena, vendeu-se um prédio num mês, com estrangeiros em lista de espera.


A procura de habitação de luxo em Lisboa por estrangeiros está a disparar. Várias mediadoras imobiliárias de segmento mais alto do mercado contactadas pelo Expresso, confirmam essa tendência.

Um prédio com nove apartamentos de luxo, na Rua da Madalena, foi vendido no espaço de um mês, com vários estrangeiros em lista de espera. Na Avenida da Liberdade, o único prédio de habitação de luxo em construção naquela artéria dispõe de apartamentos até 1,4 milhões de euros. Apesar do preço está a ser vendida uma casa em cada duas semanas. Brasileiros e franceses estão entre os principais clientes.

O ano não podia ter começado de melhor forma para quem comercializa imóveis de luxo. Ainda que partindo de uma base de comparação frágil - com janeiro do ano passado quando o mercado ainda se encontrava em retração - a verdade é que não deixa de ser significativa a dinâmica sentida pelas imobiliárias especializadas neste segmento. O Expresso contactou os responsáveis do grupo Remax, a Engel&Volkers e a Porta da Frente/Christie's, empresas especializadas em imobiliário de luxo, que confirmaram o ritmo acelerado de vendas, reflexo não só de medidas como o visto gold e o estatuto de residente não habitual mas também do regresso (ainda que mais contido) dos compradores portugueses.

Só a Remax Collection, unidade de negócio da Remax Portugal orientada para os imóveis de topo, vendeu no primeiro mês deste ano 63 imóveis, um ritmo médio de duas casas por dia (no período homólogo de 2012 tinha vendido apenas 19).

"Na Remax Collection incluímos apenas os apartamentos acima dos €350 mil e as moradias com valores superiores a €500 mil. E dentro destes intervalos, vendemos, só em janeiro, cerca de 30 apartamentos, 30 moradias e três quintas ou casas apalaçadas em Sintra, estas com um pormenor curioso: foram vendidas a holandeses, os três a quererem transformá-las em pequenos hotéis de charme", diz Beatriz Rubio, CEO da Remax Portugal.

No último trimestre de 2013, esta unidade da Remax tinha comercializado 84 apartamentos de luxo e 64 moradias. Lisboa surge no topo das preferências de quem compra, a maioria estrangeiros. Nas estatísticas da Remax para o mês passado 55% das aquisições foram feitas em Lisboa, 16% em Cascais e 8% no concelho de Oeiras, acrescenta a responsável da RefrlaX.

Apartamentos à venda na Avenida da Liberdade
A localização, que não podia ser melhor - na Avenida da Liberdade -, parece justificar os preços das casas que estão atualmente a ser comercializadas no edifício ópera Lx: entre €382 mil e cerca de €1,5 milhões (para tipologias entre T1 e o T4). Mas não só: este edifício do século XIX, que está a ser reabilitado, preservando a sua traça original, faz valer não só a sua localização mas também a exclusividade na possibilidade de habitar nesta zona prime, pois este é mesmo o único com casas à venda na principal artéria da cidade. Todos os outros edifícios que estão neste momento em comercialização destinam-se essencialmente a escritórios, com lojas nos pisos térreos.

Comercializado em exclusivo pela Porta da Frente, e promovido pela empresa AM48, o edifício acolhe um total de 19 apartamentos, dos quais sete já foram vendidos, "quase todos a brasileiros e franceses", aponta Rafael Ascenso, diretor-geral da mediadora imobiliária Porta da Frente.

Com este projeto, e com outros que a mediadora tem em carteira, Rafael Ascenso sublinha que regressou uma tendência que já não se sentia há algum tempo: a do regresso às vendas de casas ainda em planta. "Há um ano isso era impensável, mas agora voltou a acontecer, o que é uma mudança interessante no mercado. Isto está a abrir portas para lançar outros empreendimentos em 2014", diz.

Quando os preços descem um pouco, o ritmo das vendas é ainda mais rápido. Rafael Ascenso dá como exemplo um prédio que a Porta da Frente comercializou recentemente: "Ainda está em construção mas foi totalmente vendido em apenas quatro semanas. O prédio, promovido pela M Pestana Lda, pertencente ao grupo Pestana, está situado na Rua da Madalena e tem nove apartamentos. Chegámos a ter lista de espera", conta o diretor-geral da mediadora. Para a concretização destas vendas-relâmpago bastou a divulgação num círculo muito restrito dos clientes da empresa, quer a nível nacional quer internacional, através da Christie's que trabalha em parceria com a Porta da Frente.

Também Manuel Neto, responsável por três lojas da Engel&Volkers (Parque das Nações, Cascais e a inaugurada esta semana no Restelo), confirma a tendência, referindo que os clientes estrangeiros compram atualmente 75% do total de imóveis transacionados.

Na loja de Cascais, por exemplo, o ritmo, em janeiro, foi de uma casa vendida por semana. "Uma moradia na serra por €1,4 milhões vendida a um sul-africano, uma outra do mesmo valor a um belga e ainda duas outras casas, uma por €500 mil e outra por €600 mil, a um português e a outro visto gold, também da África do Sul", especifica Manuel Neto.

Embaixadas do Restelo
Na loja inaugurada esta semana no Restei), a Engei&Volkers  pretende aproveitar o mercado das embaixadas e a proximidade com a comunidade de estrangeiros que aí se concentra'. "Já há algum tempo que trabalhamos esta zona do Restelo que tem 33 embaixadas aqui instaladas. É um mercado muito interessante e que já nos trouxe bons resultados", adianta o diretor da mediadora, acrescentando que em 2013 foram vendidos quatro imóveis a uma só embaixada (de que este responsável não pode referir a origem).

Fonte: Expresso

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