02 dezembro 2013

Cada vez mais famílias estão a falhar pagamento das quotas dos condomínios


Moradores resistem a aumentos nas quotas ou pagamento de extras. Os cortes nos rendimentos e o desemprego são os motivos que explicam a incapacidade das famílias em cumprirem com todas as suas obrigações. Uma das primeiras despesas que deixam de pagar é o condomínio, explicam as empresas de administração. Na maior parte dos casos, o valor das quotas mensais mantém-se há vários anos e os moradores resistem a qualquer tentativa de aumento de valores.

"O condomínio é uma das primeiras coisas que as famílias deixam de pagar e é um problema transversal, que afeta todas as classes sociais", conta Fernando Barbeiro, gestor de negócio da HomeGrading. "Tem havido um aumento gradual no número de famílias a atrasar o pagamento do condomínio. Umas retomam, outras não", acrescenta Dora Rodrigues, gestora de condomínios da Domus House. Já Nuno Santos Gervásio, "partner" da H24 Condomínios, considera que são sentidas mais dificuldades "nas partes dos condomínios que são de empresas".

Habitualmente, as empresas de administração contactam as famílias ao primeiro atraso no pagamento, através de carta registada, tentando chegar a um acordo. A solução encontrada passa, muitas vezes, pela definição de um plano de pagamentos.

As dificuldades financeiras das famílias tornaram-nas também mais atentas à gestão do orçamento. "A negociação com os clientes tornou-se mais complexa, estão muito mais atentos à gestão do dinheiro e querem sempre baixar os custos", avança Alberto Almeida. sócio-gerente da Great House.

Cobrança de dívidas aumenta procura por empresas de gestão

Ainda que esteja a aumentar a dificuldade com que as famílias pagam as despesas relacionadas com os condomínios, o recurso a terceiros para se ocuparem da administração não tem diminuído. Aliás, algumas das empresas com que o Negócios conversou revelaram que está a aumentar, essencialmente para que se responsabilizem pela cobrança de dividas. 

"No inicio da crise, sentimos numa primeira fase um decréscimo de clientes. Mas, agora com a necessidade de ter alguém a cobrar dívidas registamos um aumento da procura", conta Alberto Almeida. "Há uma necessidade de passar a administração a terceiros, para evitar problemas com vizinhos nomeadamente na cobrança de dívidas", realça Dora Rodrigues. 

Em alguns casos, os condóminos tentam baixar o preço cobrado pelas empresas de administração. "Os valores agora são diferentes daqueles que eram praticados há uns anos", adianta Dora Rodrigues que acredita que esta evolução se deve à concorrência com outras empresas. 

Condomínios sugerem cortar nas limpezas

Com dificuldades em pagar as quotas mensais dos condomínios, muitas famílias tentam fazer diminuir algumas despesas. De acordo com as empresas de administração, em muitos casos, os condomínios têm solicitado uma diminuição dos serviços prestados ou mesmo da frequência da sua realização. Por exemplo, nos casos em que a limpeza das partes comuns é efetuada duas vezes por semana, tentam que passe a ser feita apenas uma vez. "Alguns condomínios querem abdicar dos serviços de manutenção mais regulares para pagarem menos", diz Alberto Almeida. E há até quem vá mais longe e recomende às empresas de administração que passe apenas a funcionar um dos elevadores do condomínio, sugerindo que os restantes sejam desligados e, com isso, diminuam as despesas relacionadas.

Fonte: Negócios

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