22 outubro 2013

SEEP e eficiência energética das caxilharias


A eficiência energética das habitações e dos edifícios em geral é cada vez mais uma preocupação que deve assistir a cada um de nós: o projectista, o construtor, o fornecedor de produtos e o utilizador final devem estar focados na necessidade de utilizar produtos que satisfaçam os requisitos de poupança energética e garantindo as necessárias condições de conforto. As entidades reguladoras têm a responsabilidade de assegurar o cumprimento da lei e de criar as condições para a divulgação pública e para aplicação dos mecanismos de execução em condições semelhantes para todos os intervenientes no processo.


A etiquetagem energética dos produtos, embora sendo um processo voluntário, torna-se um imperativo de marketing e de informação ao consumidor. De facto, a tendência do mercado vai no sentido de tornar os edifícios sustentáveis, um processo que se torna vital na perspectiva económica e social. Gradualmente a consciência ambiental de cada um leva a que se procurem soluções auto-sustentáveis em termos de energia, podendo afirmar-se que o conceito de casa passiva já passou da ficção à realidade.

Entre os factores que mais contribuem para o balanço energético de qualquer edifício encontra-se a climatização, sendo absolutamente crucial avaliar os gastos de energia no aquecimento e arrefecimento dos espaços habitáveis.

O mercado dos sistemas de caixilharia apresenta hoje uma panóplia de produtos muito diversificada no que respeita a oferta de janelas e portas, muitas vezes apresentadas pelos fabricantes e detentores de marcas de sistemas como tendo os melhores desempenhos do mundo, e exibindo resultados de ensaios, mas omitindo aspectos importantes como a impossibilidade de extrapolar resultados quando as dimensões reais são muito superiores às ensaiadas ou se opta por vidros com características diferentes das ensaiadas. A marcação CE, enquanto ferramenta para identificação das características dos produtos, não é de fácil percepção para os utilizadores finais das janelas e portas poderem aferir da sua qualidade, até porque normalmente a informação nem sequer lhes chega. Uma ferramenta com características gráficas mais intuitivas e apelativas é essencial para passar a mensagem ao nível do consumidor.

Os sistemas de caixilharia estão entre os elementos mais activos no processo de controlo das trocas térmicas entre o exterior e o interior dos edifícios. Pelo que é importante garantir que são eficazes e cumprem com os requisitos legais e ambientais. Assim, compreende-se o facto de, no caso português, a ADENE, entidade responsável pela certificação energética dos edifícios, ter considerado as janelas como um produto fundamental para assegurar um bom comportamento no desempenho térmico das habitações. Para o desenvolvimento do conceito e do programa contou com a colaboração da ANFAJE, Associação dos fabricantes de janelas eficientes, e dos seus associados.

O SEEP – Sistema de Etiquetagem Energética de Produtos, criado pela ADENE, avançou com um programa de etiquetagem, já em marcha, que visa classificar as janelas colocadas no mercado, tendo por base informação visual que indique a classificação atingida (de A a G) e suportada no desempenho certificado dos caixilhos assente em três vectores: i) o coeficiente de transmissão térmica dos caixilhos (obtido a partir do valor Uw declarado pelo detentor dos sistemas para uma janela completa ensaiada com determinadas dimensões ou a partir dos valores de Uf e Ug relativos ao caixilho e ao vidro, respectivamente), ii) o factor solar do vidro aplicado e iii) o nível de permeabilidade ao ar da janela.

Por muito que se fale sobre as questões da eficiência energética dos edifícios nunca estará tudo dito pelo que é importante informar, alertar, consciencializar todos para a necessidade de criar sustentabilidade para a vida quotidiana, optimizando o uso dos recursos energéticos de que dispomos, mesmo quando são renováveis.

Há que criar as condições necessárias de bem-estar com uso parcimonioso dos recursos energéticos disponíveis. Em casa, no escritório, no ginásio, na escola ou em qualquer espaço habitado temos que criar as condições de habitabilidade adequadas a cada estação ou situação climatérica.

Assim, a escolha de sistemas de caixilharia deve ser orientada para a opção por soluções termicamente melhoradas, sem toda via esquecer outros aspectos relacionados à qualidade dos produtos e que estão normalmente na base de decisões de investimento tais como a durabilidade, a resistência mecânica, a reciclabilidade ou a necessidade de manutenção reduzida. Estes factores conjugados com o nível de isolamento proporcionado pela janela estarão na base de análise de valor dos sistemas de caixilharia a aplicar.

Será conveniente ter em mente alguns pressupostos que nos ajudam a dimensionar e a ajustar as soluções de mercado aos requisitos projecto, entre outros:
  • o custo da energia gasta no arrefecimento é superior ao do aquecimento por variação de 1ºC;
  • as temperaturas de conforto de inverno (20ºC) e de verão (25ºC) são diferentes;
  • as condições de conforto dependem de outros factores tais como a humidade relativa: maior nível >> aumento de temperatura para “secar” o ar, o que na realidade não acontece;
  • o níveis de ruído: janelas sempre fechadas >> falha de ventilação e/ou renovação do ar >> aberturas descontroladas/inadequadas;
  • o luminosidade: inadequado aproveitamento de ganhos solares ou de sombreamentos eficientes.
A manutenção dos níveis de conforto dependerá substancialmente das condições de conservação de energia no interior dos edifícios, sendo de salientar que as maiores trocas (ganhos e perdas) indesejadas ocorrem através dos vãos envidraçados e representam, em média, cerca de 40% dos consumos. Logo, a escolha dos sistemas de caixilharia ou fachada aplicados deve obedecer a critérios rigorosos que permitam alcançar níveis de eficiência energética consentâneos com os requisitos legais e com as práticas de sustentabilidade e que, simultaneamente, criem condições de conforto e bem-estar satisfatórios para os utentes.

A qualidade do projecto é, por sua vez, determinante para assegurar uma maior eficiência térmica do edificado. A orientação solar, o sombreamento e a dimensão dos vãos estão entre os aspectos que devem ser tidos em consideração para optimizar o balanço energético dos edifícios. E deve ter-se presente a necessidade de manter o equilíbrio entre as zonas de luz e a dimensão dos espaços a iluminar, tendo presente que a legislação portuguesa ao nível da térmica penaliza as soluções em que a área de envidraçados é superior a 15% da área de pavimento do espaço a iluminar.

É necessário ter um pensamento e visão estratégica orientada para a melhoria do comportamento térmico dos edifícios, reconhecendo que a médio-longo prazo o grau de exigência legal vai aumentar e que os benefícios (ou a ausência de penalizações) de natureza fiscal vão compensar os investimentos em soluções de elevada eficiência energética, como é o caso dos sistemas de alumínio com ruptura da ponte térmica.

Os agentes de mercado vêm apresentando soluções de eficiência energética melhorada, procurando adaptar a oferta aos requisitos de cada projecto. A Sapa Portugal, empresa líder no mercado dos sistemas de alumínio para arquitectura, foi pioneira no processo de introdução de sistemas termicamente melhorados quando, há quase duas décadas, introduziu e homologou o primeiro sistema deste tipo em Portugal. Respondendo às necessidades do mercado, foi ajustando o seu portefólio, com os sistemas com ruptura da ponte térmica a representarem actualmente mais de 60% das vendas.

Para os projectos mais ambiciosos em termos de eficiência térmica, a empresa acaba de lançar o sistema Performance 70, numa gama completa e evolutiva que inclui janelas de batente e de correr, com soluções particularmente vocacionadas para o mercado da renovação mais exigente (ver infografia no final).

Reabilitação e Eficiência Energética

A preocupação com a eficiência energética deve estar sobretudo focada na renovação do edificado em mau estado de conservação ou de construção mais antiga já que nos edifícios mais recentes os processos construtivos utilizados terão alegadamente contemplado soluções termicamente melhoradas. De facto, grande parte das perdas de energia é devida a deficiente estanquidade dos caixilhos, com níveis de permeabilidade ao ar sem qualquer tipo de controlo e com vidros muito pouco eficazes. Assim, a eficiência energética das caixilharias tem um contributo determinante para a qualificação energética dos edifícios pelo que a escolha acertada do binómio vidro / alumínio marcará a diferença no que concerne a eficácia do sistema.

A troca de janelas deve merecer uma análise cuidada do projectista ou construtor de modo a corresponder às expectativas do dono da obra. Por exemplo, a escolha de uma boa solução de caixilharia pode comprometer o resultado do projecto se, para além do coeficiente de transmissão térmica do caixilho, não for dada a devida atenção à escolha do vidro, no que se refere a elementos como o factor solar, a transmitância luminosa ou o comportamento acústico.

No contexto da renovação dos edifícios, o mercado oferece hoje soluções que permitem fazer a troca de janelas de forma rápida, económica e limpa, com valorização significativa dos espaços. Entre as vantagens, são de salientar as seguintes:
  • Maior conforto e bem-estar
  • Valorização dos imóveis (imagem cuidada, qualidade, estética)
  • Melhoria do isolamento térmico, com redução da factura de energia
  • Melhoria do comportamento acústico
  • Melhoria da qualidade de vida (ventilação controlada dos espaços)
  • Redução de custos de manutenção
A escolha dos locais de construção e a altura dos edifícios resulta normalmente em situações desfavoráveis na perspectiva de desempenho das janelas: as frentes marítimas ou de lagos, o topo de colinas, a proximidade de arribas ou falésias resultam frequentemente em locais de eleição. Contudo, a opção pela vista panorâmica nem sempre é acompanhada por um princípio de selecção e dimensionamento adequado das caixilharias pelo que é recomendável que o projectista tenha em conta os seguintes aspectos (pensando apenas na óptica da eficiência energética) em consideração no processo de escolha:
  • Bom nível de permeabilidade ao ar, entenda-se baixo caudal de infiltração, sobretudo sob acção da pressão do vento – preferencialmente classe 3 ou superior;
  • Boa resistência mecânica à acção do vento, por razões de segurança e evitando a deformação dos perfis que ao flectirem geram flechas que, por sua vez, permitem entradas de ar, que voltam a estar ligadas ao nível de permeabilidade e conforto;
  • Bom nível de vedação, garantida através de juntas de estanquidade maleáveis que, normalmente, também têm boas propriedades isolantes térmicas;
  • Inserção de sistemas de ventilação controlada que permitam assegurar uma ventilação regular e sistemática e que impeçam trocas excessivas ou indesejáveis de ar.
Por Artur Mexia, Director Técnico e de Projectos da Sapa Portugal

Fonte: Revista Pontos de Vista

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