21 janeiro 2018

IVA aplicado ao imobiliário afasta investidores e empresas


Portugal é neste momento um mercado-alvo prioritário para investidores, empresas e para pessoas que querem vir viver no nosso país. Este fenómeno está a ter um impacto muito concreto e significativo nas necessidades de imobiliário, seja para investir, seja para utilizar. Esta é a opinião de Francisco Horta e Costa, director-geral da consultora CBRE, onde revela ainda que para a CBRE, 2017 foi o melhor ano de sempre, com um incremento no volume de negócios de 22% relativamente a 2016.

“Durante o ano de 2017 ultrapassámos a fasquia de 1 milhão de metros quadrados sob gestão e transacionámos mais de 500.000 m2, entre vendas e arrendamentos”, admite. Horta e Costa lembra ainda que a consultora assessorou transacções que representam um valor superior a 600 milhões de euros e mais de 115 imóveis, sendo que o maior negócio que realizou foi a venda do portfólio de rendimento da Silcoge a um fundo imobiliário da Explorer, que foi criado também com a ajuda da consultora, por um valor superior a 150 milhões de euros. Outra grande operação que realizou foi a venda do portfólio da Tranquilidade a um consórcio liderado pela Norfin e que junta um investidor norte-americano e um fundo de pensões alemão. Também assessorou a CGD na venda de quatro edifícios, um residencial e três de escritórios, com um valor agregado de cerca de 77 milhões de euros.

Sobre o actual estado do mercado imobiliário, o director-geral da CBRE salienta que no caso dos escritórios há necessidade de mais e melhor oferta que vá de encontro às exigências da procura existente, que vem de grandes empresas multinacionais que procuram áreas grandes, com bons acessos e edifícios apelativos que motivem os seus colaboradores a irem para lá trabalhar. “Quanto ao sector residencial, é gritante a necessidade de casas a preços enquadráveis no poder de compra da família Portuguesa de classe média, o qual não poderá exceder os três mil euros por metro quadrado, na melhor das hipóteses”, alerta.

Para este ano, Francisco Horta e Costa adianta que com a ressalva de eventuais “terramotos” políticos ou geo-estratégicos, desde que o quadro fiscal se mantenha inalterado e uma vez que ainda não deveremos assistir a subidas nas taxas de juro, “as perspectivas para este ano são muito boas. Os sectores tradicionais deverão manter uma performance muito positiva, com a ajuda do incremento do financiamento bancário agora que o sistema financeiro português se encontra mais estabilizado”.

O responsável prevê ainda que haja cada vez mais investidores a quererem vir para Portugal, assim como empresas a quererem instalar aqui grandes centros de investigação, excelência, back-office, near-shoring, etc. “Perspectivamos um crescimento grande de espaços de trabalho flexíveis como os co-works e de espaços híbridos ou aceleradores/incubadoras de empresas, como consequência da expansão da economia digital baseada em telemóveis e da evolução tecnológica em geral”, explica.

Outra tendência clara, na opinião de Horta e Costa, é o crescimento das residências de estudantes e a sua profissionalização em Portugal com a entrada de grandes operadores internacionais, em virtude do aumento exponencial do número de estudantes estrangeiros.

Para o director da CBRE é ainda necessário que o Governo finalmente aprovasse um regime de REITs (os famosos Real Estate Investment Trusts) à semelhança do que já existe a funcionar em pleno na nossa vizinha Espanha, copiando o que está feito e que comprovadamente funciona. “Outra coisa que deveria ser mexida é o regime do IVA aplicado ao imobiliário, que é um autêntico quebra-cabeças para qualquer pessoa e afasta investidores e empresas”, conclui.

artigo publicado no Jornal Económico em parceria com o Diário Imobiliário

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