16 julho 2017

Um terço dos portugueses ainda tem casa de férias


A segunda habitação volta a fazer parte do sonho dos portugueses. Mesmo com o agravamento dos impostos, esta é a melhor altura para comprar. Longe vão os tempos em que os portugueses era terem uma casa de férias, ou seja, uma segunda habitação para passar com a família uns fins-de-semana prolongados ou as tradicionais férias de verão. Uma casa junto à praia ou no campo era o ideal e, durante muitas décadas, a região do Algarve foi a preferida dos portugueses. Com a crise tudo mudou. Houve quem vendesse e quem perdesse, o que fez com que a segunda casa deixasse de estar nos planos da maioria das famílias. Contudo, segundo o INE - Instituto Nacional de Estatística um terço dos alojamentos existentes em Portugal são residências secundárias.


Com a perspetiva de um novo dinamismo na economia portuguesa, o mercado imobiliário também reanimou e a ideia de uma casa de férias volta a fazer sentido para alguns portugueses. De facto, um estudo do IPDT - Instituto de Turismo sobre as intenções de férias dos residentes em Portugal revela que nove em cada 10 portugueses vai gozar férias neste ano, especialmente em agosto, sendo o Algarve (31%) o destino que ocupa o topo das preferências. O Alentejo, a Região Norte e as Regiões Autónomas, por sua vez, são os locais mais procurados para pequenas escapadelas da rotina ao longo do ano.

Com a Euribor - o principal indexante do crédito à habitação em Portugal - em mínimos históricos, não há altura mais propícia para comprar casa do que esta. Até porque, atualmente, com a banca a voltar a conceder empréstimos, surgiram novas aplicações associadas à compra de casa: investir para arrendar ou mesmo para passar as férias.

A plataforma gratuita de comparação financeira ComparaJá.pt analisou o mercado do financiamento para habitações secundárias em exclusivo para o Jornal Económico, para apurar se as condições deste tipo de ofertas diferem de um crédito para aquisição da primeira casa e que tipo de soluções são disponibilizadas às famílias portuguesas.

Numa primeira análise, percebe-se que o próprio aumento da concorrência entre os bancos favoreceu a queda dos spreads. Mesmo para quem já possui a sua primeira habitação, também pode ser uma época favorável para adquirir urna casa de férias.

É fundamental analisar o mercado antes de comprar

"É crucial analisar o mercado antes de se decidir comprar urna segunda casa. Para além da capacidade financeira - que é preciso ter em conta não apenas por causa do custo da habitação, mas porque existem encargos, como o condomínio e o IMI - Imposto Municipal sobre Imóveis, que virão sempre associados à mesma - é necessário consultar o mercado. Comparar diversas opções é essencial, pois um empréstimo à habitação é um encargo financeiramente elevado", admite Sérgio Pereira, diretor geral do ComparaJá.pt.

O responsável alerta para o facto de o oásis da queda das taxas de juro não durar para sempre - e, por isso mesmo, já existem soluções de financiamento com taxa fixa que permitem acautelar eventual subida. "Sendo a altura oportuna para este investimento, importa então perceber que soluções de financiamento existem e quais poderão ser mais adequadas aos diferentes perfis de consumidores", esclarece.

Uma das principais diferenças entre um empréstimo para aquisição da primeira casa e outro para segunda habitação é que este último inclui em si a possibilidade de se realizar uma hipoteca sobre a primeira propriedade, o que pode ser uma vantagem acrescida para o cliente, na medida em que está a dar uma garantia maior e, consequentemente, o banco poderá facilitar as suas condições de financiamento.

Todavia, e contrariamente ao que acontece com a primeira habitação, geralmente as instituições financeiras não financiam mais do que 70% do valor de aquisição da segunda casa, sendo que o prazo permitido normalmente não pode exceder os 30 anos.

Ao avaliar um crédito à habitação, é necessário ter em conta diversos fatores que influenciam o valor final do empréstimo, nomeadamente as taxas de juro, o spread contratado (tenderá a ser mais elevado do que o da primeira habitação) e os seguros incluídos (costumam exigir a contratação de dois tipos, o de vida e do imóvel).

No que diz respeito, em primeiro lugar, às taxas de juro, há que considerar a TAN (Taxa Anual Nominal) e, sobretudo, a TAE (Taxa Anual Efetiva), dado que esta última reflete todos os encargos (comissões bancárias, custos de abertura do processo e prémios dos seguros) associados ao empréstimo. No caso de existirem produtos associados para aceder à bonificação do spread, então a TAER (Taxa Anual Efetiva Revista) deverá ser o aspeto mais importante a ter em conta.

No caso do spread, que representa o lucro auferido pelo banco na contratação do crédito, trata-se de uma componente da taxa de juro definida pelo banco através de uma análise caso a caso e conforme o perfil de risco do consumidor. De um modo geral, os produtos que estão associados à bonificação do spread são o cartão de crédito (e às vezes também o cartão de débito), a domiciliação do ordenado, o PPR e os seguros de vida, multirriscos, saúde e ainda de proteção ao crédito. 

Banca com soluções para a compra de segunda casa

Praticamente todos os bancos em Portugal apresentam soluções para a compra de segunda casa e alguns podem até oferecer condições mais vantajosas no spread para a segunda habitação, mediante a aquisição de outros produtos no banco.

A jovem Miriam Sobral, consultora de 32 anos de idade e eterna apaixonada pela beleza natural paisagística da Costa Vicentina, já possuindo a sua própria habitação em Lisboa, que lhe foi oferecida pelos pais por doação em vida, pretende agora adquirir urna segunda habitação na localidade de Odeceixe para fazer umas escapadelas ao longo do ano.

Foram realizadas simulações em oito das maiores entidades bancárias em Portugal Santander, Bankinter, Millennium bcp, Montepio, Crédito Agrícola, BPI, CGD e Novo Banco - para a compra de uma segunda habitação para férias no local referido: um apartamento T1 construído em 2005, avaliado em 100 mil euros e com um pedido de financiamento de 70%. O rendimento anual líquido de Miriam Sobral é de 14.280 euros o que se traduz num rendimento mensal de 1.020 euros, sendo o prazo do empréstimo de 30 anos.

O valor final que a Miriam ia pagar no término dos 30 anos oscila entre 93 mil (a opção mais acessível, do Bankinter) e 113 mil euros (do Novo Banco).

Já um casal com 50 anos de idade, que começa a pensar no tempo em que se irá reformar, a Alda, que é juíza, e o Jorge, arquiteto pretendem adquirir uma segunda casa no Algarve, perto da praia, com o objetivo de lá passarem alguns meses por ano.

Escolheram a Praia da Rocha, em Portimão, como destino de eleição, no qual encontraram um T2 com 150 m2, construído em 2013, no valor de 230 mil euros. Resolveram solicitar 70% do financiamento ao banco (161 mil euros) por um prazo de 20 anos, sendo que o rendimento anual líquido conjunto deste agregado é de 59.556 mil euros.

Entre as oito entidades bancárias escrutinadas pelo ComparaJá.pt, é possível constatar que, atendendo ao montante total imputado ao consumidor, a solução mais acessível é a do Santander (219.540,39 mil euros), enquanto a mais dispendiosa é a do Crédito Agrícola (281.521 mil euros), uma diferença de aproximadamente 60 mil euros.

"Um imóvel é sempre um investimento. Mesmo que seja apenas para passar férias, poderá sempre ser arrendado ou utilizado para render através do alojamento local. Além disso, existe sempre a perspetiva de valorização da propriedade, especialmente se for numa localização privilegiada com muito turismo, o que pode fazer muito sentido num país como Portugal, em que este setor de atividade está em crescimento constante", conclui o fundador do ComparaJá.pt.

Fonte: Jornal Económico

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