28 janeiro 2017

Residencial de luxo trava edifícios de escritórios


O residencial de luxo vai continuar a determinar a orientação do mercado imobiliário do centro de Lisboa em detrimento dos espaços de escritórios em 2017. A capital portuguesa está na moda junto das multinacionais que encontram aqui centralidade, recursos humanos qualificados e espaços a baixo custo quando comparados com capitais como Londres ou Paris, mas há falta de edifícios para alojar os seus centros de competência. Uma situação que pouco vai mudar a curto prazo, concluiu-se a semana passada, durante a apresentação do estudo Market 360º da consultora imobiliária JJL.

Contas feitas pela consultora mostram que estão previstos apenas 41.100 m2 de novos espaços este ano e cerca de 50.000 m2 no próximo ano, distribuídos por sete edifícios. Uma aposta modesta por parte dos promotores que levou o diretor-geral da JJL a alertar para a possibilidade de Lisboa começar a perder capacidade e atração junto das empresas estrangeiras que aqui se querem instalar. 

"Lisboa está a atrair não só turistas mas empresas estrangeiras que aqui se querem estabelecer. Porém, enfrentam cada vez mais um problema de escassez de espaços no centro da cidade", como realçou Pedro Lancastre, referindo que muitas estão a optar pelo Porto onde (ainda) encontram os edifícios que procuram (centralidade, bons acessos, rendas acessíveis).

No cerne da questão, está a aliciante euforia que se continua a sentir no imobiliário residencial de luxo que permite a venda de casas a €9.000/m2 na Avenida da Liberdade, por exemplo, em contraponto com o encaixe moderado que se perspetiva com o arrendamento de escritórios a rendas consideradas ainda baixas e que não compensam o esforço da promoção imobiliária.

Assim, apenas sete edifícios estão previstos para 2017 e 2018, totalizando uma área de cerca de 90.000 m2, como especificou Mariana Rosa, responsável pela área de escritórios na JLL. As chamadas zonas 3 e 4, respetivamente Eixo da 2ª Circular ao Campo Grande e Eixo da Avenida Infante Santo e Avenida 24 de Julho, vão absorver equitativamente 66% da área dos novos espaços.

A terceira torre do complexo Colombo, da Sonae Sierra (zona 3), é de longe o edifício mais impactante que vai surgir assegurando 30.000 m2 de e área de trabalho para empresas. Já na zona 4 vão surgir três edifícios - na Avenida 24 de Julho (números 62-64), no Armazém 9, em Santa Apolónia e o Edifício Sorel. "Estes três edifícios são não especulativos: o Edifício Sorel e o Armazém 9 vão acolher sociedades de advogados e o 24 de Julho uma agência de publicidade", referiu Mariana Rosa.

Os restantes edifícios destinam-se ao mercado especulativo, ou seja, a promoção destina-se a comercialização no mercado. O República 5, o Marquês de Pombal 14 e a Torre da Cidade (na Fontes Pereira de Meio) representam a restante oferta nova de espaços de escritórios. 

Um hotel por mês em Lisboa

Outro dado em destaque na apresentação do estudo foi a dinâmica do sector hoteleiro. A contabilização dos novos projetos que irão surgir em Lisboa comprova que o frenesim com o turismo vai continuar: em 2017 e 2018 esperam-se 23 novos hotéis e um total de 2.175 quartos, quase uma abertura por mês. Entre os principais contam-se o Meliá Convento de Santa Joana, o Turim Marquês de Pombal ou o Moov Lisboa Oriente.

A nível nacional serão quase 50 novas unidades hoteleiras, adiantou Karina Simões, responsável pela área de hotelaria na JLL, destacando Porto, Coimbra e Aveiro entre as localizações mais procuradas.

No mercado residencial destacou-se também o crescimento nas casas vendidas em Lisboa e no Porto. Referenciando os números mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (até ao terceiro trimestre de 2016), o estudo dá conta que foram vendidas 32.520 habitações na capital e cerca de metade, mais precisamente 15.781 na Invicta, um acréscimo respetivamente de 28% e 23% em relação a 2015.

Uma evolução que a JLL acredita, que irá consolidar-se em 2017. "O imobiliário e o turismo estão a mudar a economia do país. E cidades como Lisboa e Porto estão a renascer. Se mais indústrias em Portugal apresentassem a saúde e os indicadores do sector do imobiliário, seríamos certamente um dos países mais robustos da União Europeia", sublinhou o responsável durante a apresentação.

Em 2016, o país atraiu €1.254 milhões em investimentos imobiliários de rendimento, segundo contas da JLL. 85% teve origem internacional, sendo que 53% foram assegurados pelos fundos de investimento.

Os edifícios de escritórios atraíram 43% do bolo total, seguido do retalho com 38%. Setores que vão continuar em alta junto dos investidores que procuram ativos já ocupados e bem arrendados.

Fonte: Expresso

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