21 novembro 2016

Porto. Não há casas para arrendar na Baixa


Encontrar casa para arrendar na Baixa ou no Centro Histórico do Porto é dificílimo. As rendas subiram para valores nunca antes ali vistos e, entre o que vai surgindo renovado, a tipologia dominante é o T0. É um Porto que se virou para o arrendamento de curta duração. E 2013 foi o ano em que proprietários e promotores imobiliários viraram agulhas para o turismo.


De acordo com dados recolhidos junto das três grandes imobiliárias presentes em Portugal em regime de franchising, as rendas médias andam entre os 450 e os 700 euros para T0 e T1 e nos 800 euros para T2, podendo atingir os 1400 euros num T3, valores que deixam de fora quem quer morar na zona mais 'in' da cidade.

"Na Rua do Rosário, há uns tempos pediam 300 euros, hoje dificilmente se arrenda um T0 por menos de 450 euros. Na Praça da República antigamente podiam pedir 400 euros por um T0, hoje já pedem 650/700 euros", afirma o gerente da ERA Porto Baixa, Américo Araújo. "Em 2014, conseguíamos colocar à venda no mercado um imóvel reabilitado a 1600 euros/metro quadrado. Hoje encontramo-los a 3.500 euros/m2. E quem compra sabe que só vai rentabilizar esse investimento no arrendamento de curta duração", explica, por seu turno, o diretor da Remax Invicta, Manuel Leite.

Quem compra por reabilitar (e aqui os preços por m2 subiram na mesma proporção) faz a obra já a pensar no arrendamento turístico, em arrendar diretamente ou em vender a quem estiver para aí virado.. Quem arrenda, por sua vez, pode subarrendar. Com tantos interessados neste filão, vão faltando T0 para venda e vai sendo comum a transação ainda "em planta". confirma Américo Araújo. 

"Há cada vez menos imóveis disponíveis e os que existem desaparecem em dois dias. É de facto como encontrar uma agulha num palheiro", continua Manuel Leite. O responsável da Remax Invicta acrescenta que um anúncio colocado de manhã chega à hora do almoço com dezenas de interessados e que a primazia é dada aos que constam das listas de espera das imobiliárias.

Mesmo que houvesse T0 para todos, a valores para todas as bolsas. fica de fora quem procura casas desafogadas. "As renovações privilegiam hoje T0 e T1 e nos T0 falamos de 40 m2, na melhor das hipóteses", nota Manuel Leite. "Os T2 e T3 são mais procurados por famílias que já perceberam como está o mercado e a quem orientamos para outras zonas do Porto que não o Centro Histórico, logicamente com preços mais simpáticos", completa o gerente da ERA Porto Baixa.

Os "clientes típicos" dos T0 e T1 são "estudantes, jovens e casais sem filhos", que querem morar "no coração da cidade, perto dos centros de maior animação e lazer", e estão dispostos "a fazer algumas concessões": a viver em "áreas mais pequenas e habitações sem garagem", acrescenta o administrador da Century 21 Portugal, Ricardo Sousa.

Quem quer morar na Baixa vai continuar a ouvir que tem "de repensar a localização". "Ou, podendo comprar, pensar em comprar em vez de arrendar", diz Manuel Leite. O problema é que com os valores por m2 (imóveis reabilitados) a "oscilar entre os 2.500 e os 4.500 euros" como baliza Ricardo Sousa, são poucos os que o podem fazer.

Fonte: Jornal de Notícias

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