28 agosto 2017

Casas vendem-se hoje duas vezes mais depressa do que em 2014


Vender uma casa demora hoje, em média, sete meses. Há apenas três anos demorava o dobro, de acordo com dados da Imovirtual. Hoje, com a febre do imobiliário ao rubro, vender uma casa demora, em média, apenas sete meses; há apenas três anos eram precisos 14 meses para que um imóvel encontrasse um novo dono. E no início de 2013, em pleno rescaldo da crise financeira, uma casa tinha de estar no mercado 16 meses antes de mudar de mãos, de acordo com dados do Imovirtual.

"As vendas estão a crescer ao ritmo de mais de 30% ao ano. Há uma forte procura - os bancos estão de novo a conceder crédito e as taxas de juro estão a mínimos históricos e, com o fim da austeridade, a confiança dos investidores voltou", explicam as agências imobiliárias. Nos primeiros seis meses deste ano venderam-se quase 80 mil casas. Um boom alimentado ainda pelo fenómeno do alojamento local e pelo grande interesse de compradores estrangeiros, muitos franceses e brasileiros.

Com estes números, não surpreende que os imóveis se vendam cada vez mais depressa. Há casos em que nem é preciso esperar tanto para vender uma casa. Na Remax, uma das três grandes imobiliárias a atuar em Portugal, os T2 e T3, com valores de 131 716 euros e 169 551 euros, precisaram, de acordo com dados de julho, de apenas 98 dias para ser vendidos. É pouco mais de três meses.

Lisboa, Porto e Faro são as cidades onde a procura de casas é mais forte. Mas, neste ano, "o melhor para o imobiliário desde 2010", também Setúbal e Braga, que ainda oferecem uma boa relação qualidade-preço, estão a atrair cada vez mais compradores. A primeira está a ser "invadida" por franceses; a segunda está a beneficiar do polo tecnológico da Universidade do Minho.

E até o arrendamento está a sair a ganhar com o maior dinamismo na compra/venda de casas. O Market Index da Imovirtual, que reúne a opinião de mediadores, consultores ou empresas de gestão e administração de imóveis, mostra ainda que o tempo que demora a arrendar uma casa está a descer rapidamente, apesar de, nos grandes centros urbanos, ser difícil encontrar uma casa para arrendar a preços razoáveis. Em março desde ano eram precisos apenas 2,8 meses de colocação no mercado para se encontrar um novo inquilino, menos dois meses do que em 2014.

Preços preocupam

O forte crescimento do mercado está a ser acompanhado por um aumento elevado dos preços e algumas imobiliárias alertam já para os riscos. "Os preços devem crescer entre 5% e 7% ao ano para ter um mercado saudável. Não mais do que isso", adiantou ao DN/Dinheiro Vivo Rafael Ascenso, CEO da Porta da Frente/Christie's.

Valores que estão longe dos verificados em algumas zonas do país, como a Grande Lisboa ou o Algarve, onde o preço das casas avançou 15% no primeiro trimestre do ano. Só na cidade de Lisboa a subida foi de 24,3%; em Cascais os preços subiram 18,3% e 13,6% em Oeiras, mostra a Confidencial Imobiliário.

Mas não só nas grandes cidades: os preços das casas estão a crescer em 95% dos concelhos do país, com a subida média nacional a fixar-se em 6,2%. "Até agora, o mercado apresentava um comportamento assimétrico dos centros históricos de Lisboa e Porto e do Algarve, impulsionados pela procura internacional e pelo turismo. Em 2016, esta realidade começou a mudar, sobretudo devido à retoma do crédito hipotecário, que só em março deste ano atingiu 720 milhões de euros de novos empréstimos concedidos, ou seja, cinco vezes mais do que em fevereiro de 2013. O crescimento de construção nova também está a impulsionar esta valorização mais generalizada", referiu Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário.

"Estamos a captar mais estrangeiros porque temos preços competitivos, mas se os valores continuarem a escalar perdemos essa competitividade", realça Rafael Ascenso, que espera "que o mercado não continue a crescer ao ritmo dos últimos dois a três anos".

O mesmo repete Ricardo Sousa, da Century 21, que apela a preços mais competitivos, até porque "um imóvel de preço mais elevado acaba por ficar mais tempo à venda".

Fonte: DN/Dinheiro Vivo / Foto: Pedro Granadeiro/Global imagens

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