17 junho 2017

Imobiliário: regressam os novos e grandes empreendimentos


Mesmo com a dinâmica da reabilitação urbana nos centros das cidades, estão em construção novos empreendimentos, mesmo alguns que tinham ficado parados por causa da crise. Depois da ‘tempestade vem a bonança’ assim diz o ditado popular e que no setor do imobiliário parece efetivamente fazer sentido neste momento. A reabilitação urbana está ao rubro sobretudo, em determinadas zonas das cidades de Lisboa e do Porto.

Mesmo que sejam projetos para determinados nichos, nomeadamente para os investidores de segmento alto e estrangeiros e onde os preços do metro quadrado dispararam, sobretudo na capital portuguesa, que pode atingir os 10 mil euros o metro quadrado.


Nesta dinâmica da reabilitação que, em muitos casos pouco representa uma intervenção de reabilitação, são essencialmente projetos que aproveitam as fachadas mas literalmente construídos de raiz.

Contudo, alguns especialistas falam em possíveis ‘bolhas’ imobiliárias e outros que discordam. Na verdade, tal como referido, o aumento dos preços revelou-se sobretudo em determinadas zonas das cidades e em determinados projetos e existe mesmo quem defenda que já existe falta de projetos de construção nova. Como revela o economista Joaquim Montezuma de Carvalho, professor auxiliar convidado no ISEG/Lisbon School of Economics and Management e sócio gerente da ImoEconometrics, sobre a possível especulação dos preços da habitação em Lisboa, o que se está a verificar neste momento, é que a procura está a superar a oferta, sobretudo porque o que chega ao mercado são na maioria das vezes ofertas de 10 ou poucos mais apartamentos, isso naturalmente faz subir os preços e não vai resolver o problema da procura. “Apesar de ainda existirem muitos edifícios para reabilitar nas cidades, o que está a acontecer atualmente, é falta de produto novo, projetos construídos de raiz com alguma dimensão, para os preços se voltarem a equilibrar”, garante Montezuma.

Desta forma, o Jornal Económico foi pesquisar sobre o estado atual dos novos empreendimentos que estão a ser construídos em Lisboa. Aquele que mais se destaca é naturalmente o do Jardins de Braço de Prata, que agora se designa Prata Living Concept. Durante 12 anos esteve “encalhado” nas burocracias e nos meandros aprovatórios da Câmara Municipal de Lisboa. Depois de finalmente o então promotor – a Obriverca – obteve a “luz verde” camarária e relançou o projecto, estavámos em 2010, em plena crise económica, e nem o momento era propício nem empresa promotora manifestava saúde financeira para o levar a cabo. Nova paragem até 2016, altura em que finalmente arrancou o ambicioso empreendimento que tem a assinatura de um dos nomes grandes da arquitectura mundial: o italiano Renzo Piano, autor do icónico Centro Pompidou, em Paris, sendo assessorado a nível nacional pela CPU Consultores, do arquiteto Adriano Callé Lucas.

Neste momento, o empreendimento é promovido pelo fundo fechado Lisfundo, gerido pela Norfin, e é apoiado financeiramente pela CGD e o Novo Banco.

O maior projeto em construção em Lisboa

O Prata Living Concept é uma urbanização, considerado o maior projeto imobiliário em curso na cidade de Lisboa, com um total de 498 fogos e 244.032 m2 de área bruta de construção.

O projeto prevê a construção de habitação, comércio, serviços. Toda a área envolvente ao projeto será objeto de tratamento paisagístico contemplando uma área de verde de grande dimensão que funcionará como um parque urbano disponível para a cidade de Lisboa. O empreendimento ocupa os nove hectares dos terrenos que pertenciam à indústria de material de guerra INDEP e representam um investimento previsto de 450 milhões de euros. Inserido na frente de Tejo da Freguesia de Marvila, a poucas centenas de metros do Parque das Nações, o Prata Living Concept vai usufruir inteiramente do futuro Parque Ribeirinho Oriental que o irá ligar à marina do Parque das Nações.

Nova habitação às portas de Lisboa

Segue-se às portas da capital a nova fase do Belas Clube de Campo. O grupo André Jordan anunciou recentemente o investimento de 100 milhões de euros na construção das primeiras 200 unidades do projeto Lisbon Green Valley.
Com uma oferta diversificada, distribuída por um conjunto de apartamentos, townhouses e lotes para construção de moradias, num total de 366 unidades, o Lisbon Green Valley faz uma aposta decisiva na riqueza e sustentabilidade arquitetónica dos seus produtos.

Para além das primeiras 14 townhouses e do lote de 19 apartamentos, já em construção, os promotores vão também enriquecer as infraestruturas disponibilizadas à comunidade de moradores, nomeadamente com a construção de uma Escola João de Deus (do berçário ao 6ºano de escolaridade), cuja abertura está prevista para Setembro de 2019, uma unidade de saúde, estando ainda previsto um lote para a construção de um Centro Hípico.

Neste momento, estes são os dois projetos de maior dimensão em construção na Grande Lisboa. Contudo, outros mais pequenos também estão em fase de construção. O empreendimento Quinta do Paço Lumiar surge integrado num espaço de 14.557 m2 com origem no século XVIII. É composto por dezassete moradias em banda — doze T3+1 e cinco T4+1 —, organizadas perpendicularmente ao longo de um novo arruamento e tem a assinatura do reconhecido arquiteto português Eduardo Souto Moura. José António Teixeira, CEO do Grupo RAR, promotor do projeto, revelou na altura do lançamento, que o mercado está de novo a dinamizar e que era altura de lançar novos empreendimentos. “O mercado volta a dar sinais de crescimento e com um projeto com a assinatura do arquiteto Souto Moura, estou convicto que será de sucesso”, referiu-nos José António Teixeira.

Também destacamos o empreendimento SottoMayor Residências, um dos maiores em construção no centro de Lisboa, são 97 apartamentos de luxo na Avenida Duque de Loulé distribuídos por um conjunto de quatro edifícios que datam do início do século XX, com traça caraterística da época. Este é daqueles empreendimentos onde apenas foi preservada a fachada, todos os edifícios são construídos de raiz.

Outro em fase avançada é o ‘Santos Design’ com oito pisos e 6.000 m2 de construção. Composto por 24 apartamentos – todos com estacionamento -, apresenta tipologias entre os T1 e T5. Promovido pela Stone Capital, com projeto arquitetónico do Atelier ARX – dos irmãos Nuno e José Mateus.

O edifício Focus Lx, em plena Avenida António Augusto Aguiar, em Lisboa, também está em fase final de construção. Irá disponibilizar 26 apartamentos de luxo de tipologias T1 a T5, com áreas que variam entre os 85 e os 256 m2, distribuídos por 14 pisos (dos quais quatro em subsolo) e é promovido pela AM48.

Estes são apenas alguns empreendimentos em desenvolvimento, não existe espaço para escrever sobre todos eles. Contudo, já conseguimos perceber que os projetos novos estão de volta, alguns já em fase adiantada de construção e outros que em breve vão chegar ao mercado. Resta perceber se irão surgir empreendimentos dirigidos ao segmento médio da população portuguesa porque na realidade a maioria destes projetos são dirigidos à classe média/alta.

Fonte: Jornal Económico

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