11 abril 2017

Zona ribeirinha de Lisboa lidera na oferta de novos escritórios


A oferta de escritórios na cidade de Lisboa tem vindo a passar nos últimos anos por um processo de transformação, fruto da atividade de reabilitação urbana que se tem sentido e da evolução urbanística e cultural da cidade. O resultado deste processo foi o surgimento de novas micro zonas de escritórios que contam com características muito particulares e que têm contribuído para um dinamismo renovado em termos de procura, permitindo-lhes destacarem-se para além da macro zona em que se inserem.


A área ribeirinha de Lisboa, particularmente entre Cais do Sodré e Santos, foi pioneira nesta tendência, tendo vindo a ganhar relevo nos últimos anos. Integrada na zona 4 (zona histórica) do mercado de escritórios, esta localização era até 2008 pouco significativa no mercado da Grande Lisboa. Ainda que contasse com alguma oferta de edifícios de escritórios, os volumes de procura eram reduzidos e o seu crescimento residual. 

O processo de mudança iniciou-se em 2008 com a inauguração no Cais do Sodré dos edifícios sede da Agência Europeia Marítima e do Observatório da Droga, e na Avenida 24 de Julho da sede do Banco BIG, e não foi alheio ao ambicioso projeto de intervenção urbanística que se iniciava em toda a zona e que se encontra hoje praticamente concluído.

Após alguns anos de estagnação, em 2015 inaugurou na Avenida 24 de Julho um dos mais emblemáticos edifícios da cidade de Lisboa, a nova sede da EDP com 13.900 m2, autoria do arquiteto Manuel Aires Mateus.

Em 2016 chegou ao Cais do Sodré um novo espaço de escritórios, com a opção da Second Home por se instalar no Mercado da Ribeira com um conceito de co-working altamente inovador e que tem vindo a gerar uma importante atividade empresarial na zona. O próprio Mercado da Ribeira, alvo de reabilitação em 2014 devido à inauguração do novo conceito de food hall implementado pela Time Out, teve um papel estruturante na renovação da zona ribeirinha.

Ainda em 2016 foi concluído o projeto de reabilitação do Edifício D. Luís, que trouxe ao mercado mais 10.300 m2 de nova oferta. Ao longo de 2017 ano são esperados mais 3 novos edifícios na zona, todos eles já com ocupação garantida por grandes ocupantes. A Abreu Advogados optou por instalar a sua sede num edifício em frente ao Jardim do Tabaco, um projeto de reabilitação urbana da Fidelidade com uma área total prevista de 6.000 m2. Outro escritório de advogados, Vieira de Almeida, escolheu também a zona ribeirinha como nova localização, num projeto na Rua D. Luís I que contará com 12.000 m2 de área. Por último, a Avenida 24 de Julho irá receber já em 2017 o grupo de media WPP, que consolidará as suas participadas no nº 62 em cerca de 10.000 m2, um projeto desenvolvido pelo The Edge Group.

Graças a todos estes projetos, as zonas de Santos e do Cais do Sodré, que até há poucos anos eram localizações com pouco impacto na vida da cidade, contam hoje com um vigor renovado, sendo atualmente destinos de referência em Lisboa. 

Principais projetos de escritórios na zona ribeirinha


No total, desde 2008 até 2016 inauguraram na zona ribeirinha cerca de 40.000 m2 de espaços de escritórios, mais de 80% da oferta que inaugurou no mesmo período em toda a Zona 4. Os 3 projetos cuja conclusão é esperada até 2017 aproximam-se dos 30.000 m2, e representam a quase totalidade da nova oferta esperada para 2017 em todo o mercado da Grande Lisboa. 

Os dados de procura confirmam a preferência dos ocupantes por esta zona da cidade: de 2008 até 2016 foram transacionados na zona ribeirinha 48.000 m2 de ABL, que representam 72% da procura total da zona 4. Entre 2014 e 2016 a concentração da procura na zona ribeirinha foi particularmente relevante, 90% do volume registado na Zona 4 aconteceu nesta micro zona. No que se refere ao tipo de ocupantes, não obstante haver uma presença marcante de empresas do sector tecnológico, também sectores mais institucionais como o financeiro, de advocacia ou a própria EDP, escolhem esta localização para se instalar.


Face ao futuro, a forte atratividade da zona ribeirinha de Lisboa para o uso de escritórios deve manter-se, com um alargamento da mesma até Alcântara, onde existem alguns projetos de escritórios com uma dimensão muito considerável que em breve devem materializar-se, dada a escassez de espaços em toda a cidade. Os grandes ocupantes irão manter-se como catalisadores da zona, contribuindo para a sua consolidação e posterior aumento de atratividade para pequenos ocupantes, que apenas deverão surgir em maior número quando se inicie a construção especulativa, que até à data tem sido inexistente. 

Esta emergência de novas zonas de escritórios no perímetro da cidade de Lisboa deve em breve começar a ver-se em outras localizações centrais, fruto da grande atividade que se tem vindo a sentir no segmento de reabilitação urbana. Cada vez mais os projetos de reabilitação urbana optam pelo desenvolvimento de produtos de uso misto, minimizando desta forma o seu risco, e nesta fase do mercado o segmento de escritórios começa a surgir como uma alternativa interessante.

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