25 março 2017

Casas em Lisboa já atingem os 10 mil euros/m2


Estão previstos 5.780 milhões de euros, provenientes de fundos e de investimento de promotores, para projetos de reabilitação urbana e de mobilidade sustentável num prazo de dez anos. Atualmente, este é o core business da promoção imobiliária. José Mendes, secretário de Estado Adjunto e do Ambiente revelou recentemente, no âmbito do primeiro encontro do ciclo de debates sobre o Programa Nacional de Reformas (PNR), dedicado ao tema da "Reabilitação Urbana e Mobilidade Sustentável", que existem 5.780 milhões de euros, provenientes de fluidos e de investimento de promotores, para projetos de reabilitação urbana e de mobilidade sustentável num prazo de 10 anos. Dos mais de cinco mil milhões de euros disponíveis, «20% orienta-se para a mobilidade sustentável e o restante para a reabilitação urbana".


Na realidade, a promoção imobiliária voltou o seu foco para reabilitação. "A reabilitação urbana tem sido uma realidade chave, já que a maioria dos projetos desenvolvidos assenta na recuperação de património imobiliário, mais do que nova construção", admite Luís Conta de Barros, CEO da Habitat Invest. Um promotor que já realizou alguns dos projetos de maior dimensão na capital portuguesa, nomeadamente o empreendimento "8 Building", que resultou de um investimento superior a 40 milhões de euros. O "8 Building" tem um total de 13.000m2 e integra um condomínio residencial de luxo, com 107 unidades, uma zona comercial com 16 espaços comerciais/restauração e um restaurante lounge no rooftop, com vista panorâmica sobre o Tejo, em pleno coração do Cais do Sodré, em frente à renovada Praça da Ribeira. O empreendimento atraiu investidores provenientes de todo o mundo, nomeadamente da China, Vietname, África do Sul, França e vários países do médio oriente.

"Atualmente estamos a desenvolver dez empreendimentos to-dos na área da reabilitação urbana, com um valor superior a 120 milhões de euros. Para estes novos projetos estabelecemos várias parcerias; temos investidores nacionais e internacionais em que se incluem, por exemplo, um family office brasileiro e um fundo de private equity inglês. Estes são exemplos de investidores que apesar de tudo o que tem acontecido, como o aumento adicional do IMI e as alterações às regras do alojamento local, ainda acreditam em Portugal".

Para Luís Corrêa de Barros, os benefícios proporcionados pela reabilitação urbana são mais do que meramente estéticos. Na sua opinião, a reabilitação urbana permite criar novos espaços dentro das nossas cidades e despoletar as caraterísticas naturais e culturais de cada zona.

Contudo, o promotor alerta para o facto de que as alterações fiscais na área do investimento imobiliário, como o Adicional ao Imposto Municipal sobre Imóveis ou a alteração à tributação do alojamento local, são medidas que podem afastar potenciais investidores, no sentido que passam uma imagem de alguma instabilidade.

"Apesar do balanço positivo que fazemos do ano passado e de se perspetivar um crescimento de 30% do mercado imobiliário para 2017, é necessário passar uma imagem de estabilidade e confiança, para os investidores continuarem a considerar Portugal uma geografia estratégica. Esse é o ponto mais importante e aquele que depende exclusivamente de Portugal, esclarece.

Também para os mediadores imobiliário, a regeneração urbana trouxe novas oportunidades de negócio, sobretudo com o aumento de compradores estrangeiros que se renderam aos encantos das nossas cidades históricas. Para Francisco Quintela, Partner da Quintela e Penalva - Real Estate, Portugal tem atraído cada vez mais estrangeiros que, por sua vez, veem no sector imobiliário, em especial no segmento de luxo, um investimento seguro e com elevada possibilidade de retorno. "Na maioria, compram para investimento ou para segunda habitação. A capital lisboeta continua a ser a cidade portuguesa mais procurada no que respeita ao segmento residencial de luxo. A introdução do regime dos Residentes Não Habituais, os incentivos à reabilitação urbana e o desenvolvimento dos vistos gold, foram variáveis que incentivaram os investidores", esclarece.

Este dinamismo da reabilitação urbana já se estende fora dos centros históricos, Francisco Quintela assegura que vão surgindo novos projetos em zonas pouco exploradas e que têm grande potencial, "a cidade já mudou muito e vai mudar mais ainda, para melhor, pois quanto mais investimento houver mais o potencial natural da cidade será realçado".

A tipologia de casa que a mediadora mais tem em carteira para venda são T3 e, no mercado de arrendamento o perfil de imóvel mais arrendado é o TI, com um valor médio de 700 a 800 €. A Quintela e Penalva tem conseguido ainda colocar no mercado, uma média de 50% em fase de início de obra. O responsável adianta ainda que em Lisboa existem várias realidades: a valorização média que tem vindo a ser registado nas casas da nossa capital, desde 2015, foi cerca de 7%. 'Esta média é muito pouco ilustrativa pois na Baixa, Chiado, Avenida da Liberdade e Bairro Alto, os aumentos nos preços imobiliários variaram entre 18% a 30%, entre 2014 e 2015, com os preços médios a chegar aos 4.000€/m2. Já há casas no Chiado e na Av. da Liberdade a sete e dez mil euros/m2. Mas não é apenas a zona história da cidade, o Parque das Nações também já tem preços que rondam os 6.000€/m2, ou mais", conclui.

artigo publicado no caderno especial Reabilitação Urbana do Jornal Económico

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