19 fevereiro 2017

“A ASMIP não distingue as redes internacionais de mediação das restantes empresas”


Os novos órgãos sociais da ASMIP – Associação dos Mediadores do Imobiliário de Portugal tomaram posse recentemente, ficando Francisco Bacelar como novo presidente. Em entrevista, o responsável destaca que as prioridades são, entre outras, as de alargar os atuais serviços de apoio e proximidade que estão na génese da ASMIP, com mais e melhor formação, centrada no temas mais importantes, dinamização de parcerias promotoras de mais-valias funcionais e financeiras em favor dos associados.


Quais são as prioridades à frente do primeiro mandato na ASMIP? 
Importa esclarecer que o nosso associado não é tido como um mero contribuinte. É respeitado como a razão da nossa existência, e a prioridade será cumprir na íntegra o programa que lhes apresentamos, aliás sufragado por 98% dos votantes. Excelente tendo em conta que votaram cinco vezes mais do que o número que compõe os corpos sociais, num sinal de grande vitalidade, em contraste com o hábito de só votarem os elementos da lista, numa espécie de autoeleição entre pares. Mais legitimidade é sinónimo de maior responsabilidade, que assumimos em consciência, e com espírito de missão. Mas, sintetizando, passa por alargar os atuais serviços de apoio e proximidade que estão na génese da ASMIP, com mais e melhor formação, centrada nos temas mais importantes, dinamização de parcerias promotoras de mais-valias funcionais e financeiras em favor dos associados, novos interfaces de comunicação, a par de um relacionamento de cooperação e parceria com o IMPIC, que regula a atividade imobiliária, criando assim sinergias que beneficiem toda a classe, e por fim o consumidor. Tudo isto e muito mais com um custo de apenas 10 € de quota, fruto da nossa exigente racionalização de custos, que se refletem ainda no seguro e formação mais económicas do mercado.

Como analisa o atual momento do mercado imobiliário e da mediação em Portugal?
O mercado imobiliário regista um momento de maior dinamismo, que começa a dar indícios de se generalizar a todo o país, pela procura de estrangeiros para investimento mas também para habitação. Por outro lado, os portugueses, investidores e clientes finais têm vindo a adquirir em crescendo, especialmente os últimos, em resultado das baixas taxas e “spreads” mais favoráveis. A mediação imobiliária, garante de transparência e correção negocial, beneficia e partilha dos proveitos desta procura.

Quais são as perspetivas de evolução futura e os desafios que enfrentam?
Depois da procura de estrangeiros, que se mantêm, com as taxas de juros acessíveis e os bancos a melhorarem "spreads", abre-se o leque de oportunidades para os portugueses alavancarem o mercado imobiliário e a compra de habitação própria. Com isso esperam-se algumas subidas de preços, especialmente nas zonas de maior procura que assim serão valorizadas.

Como vai lidar as ASMIP com os interesses das redes e dos mediadores tradicionais?
A ASMIP não distingue as redes internacionais de mediação das restantes empresas. Todas estão legitimadas e, como tal, sendo nossas associadas, têm o mesmo tratamento de apoio, intrínseco à nossa missão. Saliento que começam a existir algumas redes imobiliárias de origem nacional com significativa presença no mercado, e que, desta forma, equilibra o peso das primeiras. Não podemos esquecer que estas redes vieram contribuir para elevar o nível de profissionalização da classe, das comissões cobradas e do marketing usado. Contudo, não foram só vantagens, pois a voragem na admissão de profissionais e a grande rotatividade nem sempre é benéfica. É um problema recorrente, e será uma das nossas maiores preocupações e ação, em defesa do consumidor, e também da imagem pública do mediador.

O adicional do IMI e o agravamento fiscal no alojamento local poderão afetar negativamente a dinâmica turismo-imobiliário?
Quanto ao AIMI na sua forma inicial, sim, e disso demos nota na altura. Depois das exclusões incluídas na legislação final, passou a ser menos problemático. Na questão do alojamento local, a situação é mais preocupante, pois passar a tributação do coeficiente 0,04 para 0,35% é um agravamento significativo. Estes proprietários terão que se adaptar, procurar reduzir custos a outros níveis para manterem as receitas ou, no mínimo, o seu negócio. Fica a dúvida se, com esta sobrecarga fiscal, outros quererão investir, nomeadamente estrangeiros, e é aí que todos devemos estar preocupados.

Qual é a sua opinião sobre a atual dinâmica no mercado imobiliário na componente de reabilitação e promoção turística?
É uma dinâmica social positiva. Em boa parte, através de investimento estrangeiro com origem nas medidas tomadas pelos últimos governos para a sua captação. Estão à vista de todos as transformações que Lisboa e Porto sofrem a nível de reabilitação e promoção turística, que começa a chegar também a outras cidades, excelente para toda a fileira da construção e mediação imobiliária, mas favorecendo ainda a criação de postos de trabalho para o futuro.

Considera que neste momento continua a ser interessante o investimento no imobiliário?
Sem dúvida. O imobiliário continua a ser a âncora segura, e de estabilidade, pese embora todos os custos associados à sua posse. Ainda há muita margem de progressão. Aliás, melhor que a minha opinião é a constatação de as vendas continuarem, mesmos com preços do metro quadrado algo inflacionados, em algumas zonas mais procuradas. Contudo, não deixa de ser verdade que não está isento de risco assistir a alguma quebra, mas não acredito que tenhamos um “crash” como em 2008/09.

Considera que as famílias podem vir a incorrer num risco de endividamento excessivo, como aconteceu no passado?
Risco haverá sempre, quaisquer que sejam os cenários. A banca tenderá a vender mais crédito hipotecário, mas, com normas regulatórias mais apertadas, será muito mais exigente, e isto só por si será fator de regulação e redução do endividamento excessivo. Naturalmente, haverá os que, reunindo condições adequadas na altura da concessão do crédito, deixam de as ter depois, mas serão casos pontuais, pelo que arrisco afirmar que o incumprimento será reduzido.

Fonte: Caderno Imobiliário do jornal Vida Económica de 3 de Fevereiro de 2017

0 comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.