04 janeiro 2017

Rendas vão subir em 2017


O mercado português vai continuar a despertar interesse lá fora, mas tanta procura não tem oferta à medida. O aumento das rendas nos edifícios de escritórios bem localizados no centro de Lisboa e a expansão da reabilitação para zonas emergentes junto ao rio e desbloqueio de alguns grandes projetos - como uma nova torre gémea do edifício da NOS, no Campo Grande - são novidades que deverão surgir em 2017 no mercado imobiliário comercial.


O Expresso ouviu vários especialistas do sector e é desde logo consensual a opinião de que as rendas praticadas em zonas atualmente muito concorridas pelas empresas como o Parque das Nações ou o centro da capital terão tendência para subir.

A forte procura de escritórios nestas zonas e a inexistência de edifícios com escala, prontos a receber as empresas, vai fazer-se sentir nas rendas, como sublinha Eric van Leuven, diretor-geral da consultora Cushman&Wakefield: “Em 2017 não haverá ainda novos edifícios de escritórios a entrar no mercado, por isso as rendas irão subir. [Será] uma novidade, porque em Portugal, nos últimos anos, os valores têm-se mantido estáveis com oscilações entre os 5% e os 10%, ao contrário dos aumentos na ordem dos 30% ou 40% que estão a ser praticados em Espanha ou Inglaterra.”

Jorge Bota, administrador da BPrime corrobora, lembrando que "este é o grande paradigma do mercado neste momento": "Existem terrenos, existe procura sustentável de edifícios novos por parte dos investidores internacionais mas não há financiamento para os promotores nacionais avançarem com novos projetos. E os internacionais por regra não fazem promoção, preferem investir em ativos já com rendimento."

Avançar com cautela

Os poucos que avançam são bons conhecedores do mercado e fazem-no com muita cautela, já com a garantia de ocupação rápida do edifício. É o caso do projeto da nova torre gémea do edifício da NOS, no Campo Grande que, segundo apurou o Expresso, deverá avançar em 2017. Recorde-se que a Multi, braço imobiliário da americana Blackstone, vendeu, a meio do ano, o outro edifício onde se encontra instalada a operadora de telecomunicações ao Castle Group, do milionário francês Pierre Castel.

Este novo prédio vai ser construído paralelamente ao outro e deverá acolher os restantes colaboradores da NOS que atualmente ocupam um imóvel com 10.000 m2 no Parque das Nações. 

Outro grande projeto que vai avançar em 2017 é a nova torre de escritórios, a terceira, no complexo Colombo, juntando-se assim aos edifícios Ocidente e Oriente. 

Há três meses, a Sonae Sierra anunciou a construção adiantando que o investimento global rondará os €47 milhões. 

Quinta do Lago em Troia 

Se nos escritórios contam-se com os dedos de uma mão os novos projetos, o mesmo não se pode dizer do imobiliário residencial direcionado para o segmento mais alto. Este continuará, em força durante o próximo ano motivado principalmente pelo interesse de estrangeiros abonados e alguns portugueses. A procura vai continuar no que toca à Baixa lisboeta - só a consultora CBRE tem um portefólio de 17 edifícios à venda na zona histórica - mas não só. "Há alguns eixos por completar em Lisboa - um deles é o que vai do eixo ribeirinho à direita até Alcântara e à esquerda até Santa Apolónia, onde vão aparecer dois hotéis a reboque do futuro terminal de cruzeiros e do terminal dos caminhos de ferro", refere Francisco Sottomayor, diretor do departamento de investimento da CBRE. "O outro é o da Avenida Duque de Loulé (e envolvente), sobre o qual existia um estigma que nunca ninguém percebeu e que, entretanto, se dissipou. Hoje não existem dúvidas de que é um troço tão bom como a rua Braamcamp, por exemplo"."

Atravessando a ponte, em direção a sul, não uma zona mas um projeto chama a atenção pela proveniência do capital e pela especificidade do empreendimento. A aquisição de três ativos imobiliários da Sonae Capital em Troia, pelo grupo ROSP do universo da Inditex (proprietário de marcas de vestuário como a Zara) por €50 milhões foi um dos negócios fechados já no final deste ano. Em 2017 serão conhecidos mais pormenores sobre o empreendimento mas, como referiu uma fonte do mercado, "o objetivo é criar ali uma pequena Quinta do Lago". 

'Ativos maus' entram no mercado? 

2017 poderá também trazer mexidas assinaláveis nos imóveis da banca. Como refere Jorge Bota, da BPrime, "tudo depende do Banco de Portugal e da pressão que [o regulador] faça sobre os bancos e o próprio Governo em relação ao projeto que existe para a criação de uma entidade onde fiquem alocados todos os ativas considerados 'maus'. Realça o responsável que, até agora, "não tem existido uma pressão suficientemente forte para a alienação desses ativos devido ao impacto na estrutura dos balanços, mas esta não é uma situação sustentável por muito mais tempo - ainda por cima, agora, com o Adicional ao IMI sobre os ativos da banca". 

Certo é que os fundos estrangeiros estão atentos a boas oportunidades, parte das quais estão nas mãos da banca. Veja-se, por exemplo, o interesse dos grandes investidores pelo Novo Banco. 

"Ainda que existam atualmente muitas instabilidades pelo mundo fora como o 'Brexit' ou a era pós-Trump , Portugal ainda está no foco dos investidores, há muita liquidez para investir. Haja estabilidade política em Portugal e o crescimento continuará", diz Pedro Lancastre, CEO da JLL.

Fonte: Expresso

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