05 janeiro 2017

2016. Nunca se investiu tanto em escritórios em Portugal


O investimento em imobiliário comercial rondou os 1,3 mil milhões de euros. Só em escritórios foram mais de 600 milhões. O investimento imobiliário no setor comercial, em Portugal, foi, em 2016, o segundo mais alto de sempre rondando os 1,3 mil milhões de euros, só ultrapassado pelos dois mil milhões obtidos em 2015. Mas um “arranque do ano como nunca visto” permite antecipar que essa meta venha a ser novamente atingida já este ano. Isso mesmo admitiu o diretor-geral da consultora Cushman & Wakefield, esta quarta-feira, na apresentação dos resultados de 2016 e das perspetivas para 2017.


Os investidores estrangeiros, que “mantêm uma forte atividade no mercado”, foram responsáveis por 82% do volume de investimento no imobiliário comercial. Mas o setor que “mais capital atraiu” foi o segmento dos escritórios, que ultrapassou os 600 milhões de euros e atingindo com este valor um máximo histórico. “Nunca se investiu um volume tão elevado em ativos de escritórios em Portugal”, destacou Eric van Leuven.

As operações do Campus da Justiça, no Parque das Nações, e de venda do Edifício NOS e da Torre A das Torres de Lisboa foram as mais significativas do setor. O valor médio de transação situou-se nos 31 milhões de euros, “ligeiramente abaixo do valor do ano passado, mas quase duplicado a média dos últimos 16 anos”. Eric van Leuven justifica esta queda com uma “possível pausa” dos investidores na sequência da vitória da Brexit em referendo. “Gostava de crer que não há nada conjuntural”, afirmou. 

Grande procura tiveram, também, os ativos de retalho, responsáveis por 45% do capital investido. De acordo com a análise desenvolvida pela Cushman & Wakefield - que acompanha a grande maioria dos conjuntos comerciais em Portugal e o comércio de rua em Lisboa e Porto - foram fechados cerca de 450 negócios, numa área que terá ultrapassado os 190.000 m2. Em 2015 esta amostra revelava cerca de 300 operações numa área que se aproximava dos 160.000 m2.

O segmento industrial não foi além dos 3%, embora tenha revelado “uma procura potencial muito superior à do passado”. A compra do Algarve Shopping e do Estação Viana Shopping pelos americanos da CBRE GIP ao Fundo Sierra foi a maior operação do ano no mercado do retalho. 

Também a reabilitação urbana manteve uma “forte atratividade” junto dos investidores nacionais e estrangeiros, sendo conhecidos cerca de 30 negócios. A Cushman & Wakefield destaca que o valor transacionado ultrapassou os 480 milhões de euros, o que corresponde a um valor médio de transação por metro quadrado próximo dos 1.700€. 

Valores de mercado 

Relativamente a valores de mercado, os escritórios da Grande Lisboa registaram uma subida no valor da renda prime, passando para os 19 €/m2/mês; no setor de retalho também se verificaram valorizações significativas, os centros comerciais alcançaram uma renda prime de 95 €/m2/mês e o comércio de rua nas principais localizações de Lisboa e Porto, chegaram aos 105€/m2/mês e 55 €/m2/mês respetivamente. 

As taxas de rentabilidade dos ativos refletiram também a valorização do sector imobiliário, com compressões significativas ao longo dos últimos 12 meses. No fecho do ano as yields prime do mercado imobiliário situam-se nos 4,90% para escritórios, 5% para centros comerciais, 4,75% para comércio de rua e 6,50% para industrial.

Perspetivas para 2017

Quanto às perspetivas para 2017, a consultora antecipa que, no mercado de escritórios, se deverá manter um “crescimento sustentado e saudável da procura”, a qual se “consolidará” no que ao retalho diz respeito. O investimento “manter-se-á extremamente ativo”, tendo em conta a “imensa atratividade” do setor para nacionais e internacionais. “Os negócios atualmente em pipeline e com fortes probabilidade de serem concretizados ultrapassam largamento os mil milhões de euros”, sublinha Eric van Leuven.

“A atividade de investimento deverá ultrapassar os níveis de 2016, podendo mesmo chegar a um novo recorde histórico, tendo em conta o vasto conjunto de operações que se encontram em fase avançada de negociações, bem como alguns portfólios prestes a entrar para o mercado e com possibilidade de serem fechados ao longo de 2017. Os setores alvo voltarão a ser escritórios e retalho, ainda que a hotelaria e a reabilitação urbana possam também demonstrar-se muito ativos”. 

“Quanto a zonas-tendência nas principais cidades, a zona ribeirinha de Lisboa irá continuar a aumentar a sua atratividade, especialmente logo que concretizadas as ocupações de escritórios esperadas para a zona de Santos. O crescimento da procura de retalho na zona deve surgir como uma extensão natural do cluster de restauração que se encontra já hoje no Mercado da Ribeira e como resposta ao crescente número de trabalhadores. Na cidade do Porto espera-se um crescimento muito significativo para o setor de escritórios, bem como em retalho de rua, com as zonas da ribeira e a Avenida dos Aliados a demonstrarem um maior potencial”, conclui.

Fonte: Dinheiro Vivo/C&W

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