28 novembro 2016

The Edge: o edifício mais inteligente do mundo


Com um total de 28 mil sensores e o rating BREEAM mais alto de sempre, a sede da Delloite em Amsterdão não é apenas o edifício empresarial mais inteligente do mundo: redefine completamente o conceito de local de trabalho como o conhecemos.


Em 2009 a firma de consultoria Delloite encomendou à PLP Architecture o projeto para uma nova sede em Amsterdão. O objetivo era optimizar a eficiência e produtividade da Delloite ao fisicamente unificar a força de trabalho distribuída por vários escritórios em Amsterdão num único edifício e, simultaneamente, abrir caminho à transformação digital da companhia com a criação de um local e padrões de trabalho completamente adaptáveis num mundo em que a agilidade é fulcral para o sucesso. 

O resultado foi The Edge, o edifício com o mais alto rating BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method) alguma vez atribuído: 98.4. Para além de ser o edifício empresarial mais sustentável do mundo, é também muito provavelmente o mais inteligente, integrando perfeitamente uma vasta gama de tecnologias para criar um local de trabalho adaptável e eficiente, e uma força laboral extremamente produtiva.

Arquitetura sustentável

A própria arquitetura do edifício é responsável por grande parte da sustentabilidade e fluxo humano do edifício. Neste aspecto o átrio é sem dúvida o elemento mais importante. Atravessando os 15 andares do edifício, confere-lhe uma relação entre volume e a área exposta ao sol que garante a distribuição uniforme da temperatura e o melhor aproveitamento possível da luz solar, e assim a redução dos custos de climatização e iluminação. 

Para além disto, todos os andares estão ligados de forma a circular o ar viciado dos escritórios para o ambiente mais frio do átrio, onde vai subir e ser ‘expirado’ para fora do edifício, criando um sistema de ventilação natural. A face sul do edifício é constituída por uma camada espessa de cimento que absorve grande parte do calor da luz solar, assistindo na distribuição e regulação térmica, coberta de painéis voltaicos alternados com janelas profundas que minimizam a necessidade de estores apesar da exposição direta ao sol

A nova forma de trabalhar

O que define o Edge é a conectividade. A partir do momento em que entra, está conectado ao edifício através do seu smartphone. É através duma app que todos os horário são definidos, reuniões são marcadas, e comunicações são feitas. Se conduzir para o trabalho, a garagem reconhece a sua matrícula, e a app direciona-o para um lugar livre. Mais importante de tudo: permite que 2.500 colaboradores trabalhem confortavelmente num edifício com 1000 secretárias.

No Edge, ninguém tem um posto de trabalho próprio. Baseado nas suas preferências e atividade, a app atribui-lhe uma estação de trabalho—secretária, standing desk, work booth, sala de reuniões, um cadeirão no átrio, ou o que chamam “sala de concentração”—para um período de, no máximo, um dia de trabalho. 

“Um quarto deste edifício não é constituído por locais de trabalho, mas sim um espaço de relacionamento,” explica Ron Bakker, arquiteto do Edge na PLP Architecture. “Estamos a começar a perceber que um escritório não é tanto o espaço físico de trabalho; é uma comunidade de trabalho, e um espaço onde esta comunidade possa estar, onde as ideias são alimentadas e o futuro é determinado.” 

Em holandês, chama-se a esta filosofia het nieuwe werke, aproximadamente “a nova forma de trabalhar.” Está focada na agilidade, no melhor uso possível dos recursos—não só no sentido tradicional da palavra, mas na sua vertente humana—para alcançar o maior nível de eficiência e adaptabilidade possível através das tecnologias de informação.

Teto digital

A coluna vertebral desta conectividade são os painéis LED inteligentes desenvolvidos pela Phillips especialmente para o Edge, que constituem a iluminação artificial do edifício. Estão equipados com sensores de luminosidade, movimento, humidade, e temperatura, criando um “teto digital” que conecta todo o edifício numa enorme rede de dados. 

O sistema de iluminação adapta-se não só à presença de ocupantes e luz natural disponível, mas também às preferências pessoais de cada pessoa. Quando um trabalhador entra numa determinada sala, a iluminação é automaticamente reconfigurada para o nível definido nas suas preferências. Para além do aproveitamento máximo da luz solar minimizar o seu uso, os painéis requerem uma quantidade tão pequena de energia que são alimentados pela mesma rede de cabos de Ethernet que os liga à rede. 

Eficiência e sustentabilidade

Do mesmo modo, a temperatura é regulada de forma inteligente em função de preferências pessoais e, do mesmo modo, com o maior aproveitamento dos recursos naturais possível. 

Lado a lado com os cabos de Ethernet, uma extensa rede de tubos de baixo calibre corre os tetos do edifício, ligada a dois aquíferos 130 metros abaixo do solo, no que é o sistema de armazenamento de energia térmica em aquífero mais eficiente do mundo. A única energia elétrica envolvida no processo é a necessária para bombear a água, fornecida por painéis fotovoltaicos. 

Neste tópico, o edifício conta com um total de quase 6 mil metros quadrados de painéis fotovoltaicos, garantindo que não só consuma 70% menos energia elétrica que a média dos edifícios empresariais, mas também produza mais do que consome. 

Para optimizar a eficiência das operações de limpeza, o sistema determina as zonas com maior tráfego ao longo do dia através dos sensores de presença, para que as pessoas (e robots) responsáveis se foquem nessas áreas. Os secadores de mãos são usados de forma semelhante nas casas de banho, cada um equipado com um sensor que regista o número de utilizações. Nenhuma oportunidade de aproveitamento é desperdiçada: a água da chuva é captada para ser utilizada nos autoclismos e rega interior, e o ginásio aproveita a energia cinética gerada pelo uso das máquinas.

Um projeto em evolução

Apesar da sua eficiência sem precedentes, o sistema do Edge continua em constante desenvolvimento. No total, existem 28 mil sensores em todo o edifício, ligados a uma rede que não só coordena a logística do edifício e das pessoas que nele operam, mas recolhe e analisa diariamente gigabytes de dados relativos ao comportamento da comunidade para adaptar e aperfeiçoar os seus processos.

No seu conjunto, tudo corre silenciosa e harmoniosamente no background, sem o esforço de ninguém para lá de quem por isso é responsável, optimizando a produtividade da comunidade que nele opera de tal forma que, de acordo com a Delloite, o projeto se pagará a si próprio num prazo de 10 anos.

Fonte: Smartbuildings

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