08 outubro 2016

Quando irá rebentar a 'bolha'?


Investidores, mercado, clientes e empresários fazem a pergunta que vale milhões: quando é que a "bolha" rebentará no imobiliário residencial?
Eduardo Garcia e Costa, um dos 'master franchise' da Keller-Williams (KW), é pragmático. "Temos a noção de que o mercado imobiliário é de ciclos, tal como a economia é cíclica. Sabemos que, num mercado em que o número de transações aumenta, com os preços a subirem de forma exagerada em determinado tipo de propriedades e de forma moderada em outras, haverá um momento em que o mercado infletirá".

O gestor prefere dirigir a resposta para os resultados e diz que "sempre que há descontinuidade dos mercados, surgem as maiores oportunidades. Temos um programa interno, o que tem como objetivo preparar toda a equipa comercial para quando começa a haver sinais de mudança". 

O estímulo no mercado imobiliário habitacional centra-se, para os centros urbanos, no investimento de estrangeiros, via Golden Visa ou Residentes Não Habituais. A "jogar" com este interesse está o facto de o país estar nas rotas turísticas, o que leva os investidores a aplicarem fundos em ativos que depois colocam no mercado do arrendamento de curta duração em Lisboa e Porto. Outro aspeto a estimular o mercado residencial é a retoma progressiva da procura interna, com os bancos a voltarem aos financiamentos do crédito à habitação. Garcia e Costa até aceita um dos cenários económicos em voga e que fala de "duas Lisboas". É possível que, a prazo, exista uma Lisboa de estrangeiros com mais potencial de compra e uma Lisboa de portugueses. "Eu gostava de não acreditar nisso mas, aparentemente, é um dos cenários económicos e, se for o caso, direi que o mercado imobiliário acompanhará essa tendência, a par de uma promoção imobiliária mais orientada para os residentes". 

E voltamos à questão que vale milhões sobre o aumento de preços nas zonas urbanas e a potencial "bolha" decorrente da especulação. Diz o gestor que, quando se fala em imobiliário residencial, sabemos que "o aumento da procura traz sempre aumento de preços e estes não têm sido exagerados, mas a subida dos valores é claramente mais acelerada em Lisboa do que no resto do país". Para depois frisar que "os crescimentos (da procura) durante muito tempo não são sustentáveis porque isso está ligado à capacidade das pessoas pagarem as casas e quando começamos a ter ritmos de crescimento de preços que são claramente superiores ao ritmo de crescimento dos salários, há um momento em que a coisa não cruza e o mercado e inflete". Aliás, o mercado imobiliário comercial está em crescimento exponencial há três anos consecutivos, desde 2014, tendo recuperado rapidamente dos níveis de há sete ou oito anos, altura em que registou uma forte contração. 

O mercado residencial é o 'core' da rede de mediação imobiliária KW mas, refere o gestor, "os comerciais têm de estar preparados para lidar com os clientes finais, que são deles, e estes podem atuar em qualquer vertente do imobiliário comercial. A grande fatia do mercado está claramente na vertente residencial. Não temos unidades de negócio e 'know-how' especifico na área comercial e na vertente dos imóveis de luxo". Afirma ter planos para trazer o 'know-how' dessas unidades de negócio que têm especificidades próprias.

Fonte: artigo publicado no Jornal Económico

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