23 outubro 2016

Imobiliário fala em "tragédia" com agravamento fiscal do OE


"Que sinal é que estamos a dar ao estrangeiro", pergunta Luís Lima. O sector do imobiliário prepara-se para um novo imposto. Sem impacto imediato mas que pode manchar a reputação de um país onde era a "árvore das patacas". O presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), Luís Lima, defendeu que o cenário de instabilidade fiscal no sector imobiliário é uma "tragédia autêntica".

Em causa está um novo imposto sobre o património imobiliário acima dos 600 mil euros, medida que consta na proposta do Orçamento do Estado para 2017. Num sector onde a confiança conta na hora de fechar negócio, Luís Lima pergunta: "que sinal é que estamos a dar aos estrangeiros?"

O responsável falava esta terça-feira, 18 de Outubro, na segunda edição do Observatório: O Imobiliário em Portugal, uma iniciativa conjunta do Negócios e da Century 21.

"Não acredito que vá para a frente. Isto é uma tragédia para nós. Até para o comércio e serviço", reforçou, lembrando que a APEMIP gostaria de ter sido ouvida pelo Governo de António Costa antes de se ter avançado com este novo imposto.

A perspectiva é que o investimento estrangeiro em imobiliário português – um "sector que é a árvore das patacas" - atinja a fasquia dos quatro mil milhões de euros, com os estrangeiros a protagonizar uma em quatro operações. "Sempre ouvi dizer: sem palhaço não se faz a festa", compara.

O impacto ainda não se faz sentir, até porque só se estão a assinar negócios que já vêm de três ou quatro meses, anteriores à nova medida. "Nos negócios de maior valor está a afectar, o que não quer dizer que não se façam", perspectiva.

Luís Lima recorda a injustiça do novo imposto para um país marcado por assimetrias: "Lisboa e Porto é uma coisa. O resto do país não é bem assim. E vai-se criar um novo imposto?"

Também o sócio da PricewaterhouseCoopers (PwC) Jorge Figueiredo acredita que o novo cenário de impostos sobre o sector imobiliário não afectará por aí além. Quanto muito poderá adiar a decisão de investir.

"Tudo o que é discutido aqui, sabe-se lá fora. Os estrangeiros só não sabem se estiverem muito distraídos", avisou. A maioria do investimento estrangeiro no imobiliário português continua a ser protagonizado por fundos de investimento, sobretudo norte-americanos.

Isto numa altura em que se tem assistido a uma recuperação do crédito bancário concedido para este fim. "Não se vai fazer na dimensão, escala e velocidade que se fez no passado, em que se acreditou num retorno demasiado rápido dos investimentos", completou Manuel Puerta da Costa, administrador da BPI Gestão de Activos.

Fonte: Negócios

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