03 agosto 2016

Renda chega a duplicar prestação da casa


A maior abertura dos bancos levou o crédito à habitação a disparar. Os empréstimos voltaram a ganhar terreno face às rendas. Até porque as diferenças de custo podem ser expressivas. É na área de Lisboa que a diferença entre a renda e a prestação mensal pode ser mais expressiva. Em Sintra a renda pode duplicar o valor da mensalidade. Conheça as diferenças noutras regiões do país.


Comprar ou arrendar? Esta é a dúvida de muitas famílias na hora de escolher a casa. Com o crédito a ser novamente mais acessível, a aquisição deixou de ser adiada e voltou a ser uma opção. Mas compensa? Olhando apenas para as despesas mensais, e excluindo outros encargos associados, a diferença pode superar os 100%. Com desvantagem para o arrendamento.

O Negócios cruzou os dados das rendas divulgados pela Confidencial Imobiliário/LardoceLar.com com os dados da avaliação bancária publicados pelo INE. Foi considerado um imóvel com 100 metros quadrados e, no caso do crédito, foi tido em conta um financiamento a 30 anos de 80% do valor da avaliação, com "spread" de 1,90% (o melhor possível nas simulações efectuadas e que inclui a subscrição de alguns produtos), indexado à Euribor a 12 meses. 

Do ponto de vista financeiro, tendo em conta as despesas mensais que terá com o imóvel, "arrendar" ao banco pode ser a opção mais vantajosa. Seja qual for a zona urbana da qual estivermos a falar. E, em alguns casos, as diferenças podem ser expressivas. É em Sintra que comprar casa compensa mais. Se um crédito exigiria uma prestação de 300€, arrendar teria um custo duas vezes mais elevado: 601,1€. Esta é mesmo a única zona que supera a capital, onde alugar custa mais 96,20% do que adquirir. 

E esta é a realidade em todo território nacional. Em média, a diferença entre arrendar e comprar é de 63,8%, com vantagem para a aquisição. É na área do Porto, contudo, que o diferencial é menor. Se em Barcelos, a renda é 21% mais cara do que a prestação, no caso de Santa Maria da Feira, a diferença é de 38,8%. Foi utilizado apenas o valor da prestação, o que exclui os encargos iniciais com comissões bem como outras despesas mensais do crédito, como os seguros. Também não foram considerados impostos ou o valor do condomínio.

"Nas principais cidades, devido ao fluxo de turistas que não tem parado de aumentar, muitos senhorios têm-se dedicado ao arrendamento de curta duração (ou directamente ou entregando o imóvel a empresas que gerem todo o processo) porque retiram daqui uma rentabilidade superior à do arrendamento tradicional de média e longa duração", explica Miguel Poisson. "Este facto traduz-se numa redução de oferta de arrendamento no mercado", frisa o director-geral da ERA.

Prestação cai, renda não

Os dados recolhidos demonstram que o crédito pode ser uma opção financeiramente mais vantajosa do que o arrendamento. Mas, para esta constatação, têm contribuído ambas as variáveis. A maior aposta dos bancos no crédito à habitação, no último ano, tem-se reflectido no corte sucessivo dos "spreads". Ao mesmo tempo, os juros no mercado estão em mínimos históricos e mesmo em valores negativos, o que tem permitido a queda das prestações. Paralelamente, o índice nacional de rendas residenciais da Confidencial Imobiliário completou, no último trimestre de 2015, cinco trimestres consecutivos de subidas.

"Para que existisse uma procura pelo mercado de arrendamento motivada pela vontade de arrendar, os valores das rendas teriam que ser revistos por forma a serem competitivos com os de uma prestaçação bancária, devendo para isso sofrer uma diminuição na ordem dos 30% a 40%", defende Luís Lima. Para o presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), o que acontece actualmente é que "há oferta onde não há procura, e procura onde não há oferta, fazendo com que o valor das rendas dispare". 

Também Ricardo Sousa sidera que "a oferta de imóveis para arrendamento está ainda bastante desajustada da procura". "Para que o sector do arrendamento se torne mais atractivo é fundamental a entrada neste mercado de investidores com escala, regional ou nacional, que constituam carteiras de grande dimensão, com imóveis para arrendamento ajustados à procura, para conseguirem ter níveis de rentabilidade satisfatórios, com rendas mais baixas", conclui o administrador da Century 21 Portugal.


Fonte: Negócios

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