06 janeiro 2016

Mais reabilitação urbana em 2016


A reabilitação urbana deve continuar a marcar pela positiva a atividade no setor imobiliário português, sendo identificada como uma das principais oportunidades para o mercado este ano. Especialmente desde 2011, ano em que Portugal formalizou o pedido de ajuda externa e em que a crise económica e financeira começou a acentuar-se, que a reabilitação urbana ganhou um novo impulso como alvo de investimento imobiliário, emergindo como paradigma alternativo à construção nova e como via de requalificar e reabitar as cidades.


Os projetos de reabilitação têm sido, desde essa altura, os principais motores da produção imobiliária em Portugal e este ano promete não ser diferente, com diversos especialistas e profissionais do setor a voltar a eleger esta área como uma oportunidade. Luís Menezes Leitão, presidente da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), relembra que este deve ser um “desígnio nacional para recuperar as nossas cidades”. Para Reis Campos, presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), “a aposta na reabilitação urbana”, a par da sustentabilidade, eficiência energética e captação de investimento externo”, devem “ser efetivamente concretizadas”, objetivo que deverá ser apoiado por “políticas públicas devidamente adequadas”. 


O atual Governo mantém o foco na reabilitação urbana e, além dos programas de apoio comunitários já conhecidos, anunciou a criação de um fundo Nacional de Reabilitação Urbana, que se destina a apoiar financeiramente obras nesta área, que o executivo pretende seja uma forma de dinamizar o mercado de arrendamento, aumentando assim o acesso da classe média à habitação no centro das cidades. Quanto a verbas para injetar no fundo, o Governo, pela voz do Secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes, em declarações à Lusa, revelou que tal poderá acontecer através de linhas de financiamento do IHRU e do IFRU, que utiliza verbas dos programas operacionais do Portugal 2020 e do BEI, mas que podem ainda ser utilizados verbas do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social. 

Habitação é setor que mais beneficia 

A habitação tem sido o setor que mais beneficia da reabilitação urbana, tal como atesta uma das mais importantes iniciativas de reconhecimento neste segmento, e que está de volta este ano, com a 4ª edição já a receber candidaturas. Lançado em 2013, o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana recebeu nas suas três edições já realizadas um total de 130 candidaturas, das quais cerca de 40% dizem respeito a projetos de habitação. A percepção de quem trabalha o mercado habitacional confirma. Para Ricardo Sousa, Administrador da Century 21 Portugal, “a reabilitação terá um papel chave na dinamização da oferta imobiliária residencial este ano”, já que “do lado da oferta existe uma clara necessidade de obra nova e soluções ajustadas à atual procura do mercado nacional e internacional, sobretudo nos centros das cidades e nas zonas da costa”. Também Reinaldo Teixeira, CEO da Garvetur, considera que “está a verificar-se por parte da procura uma maior apetência por voltar a habitar as cidades”, destacando a importância da reabilitação e também de requalificação do espaço urbano. 

O interesse dos privados neste segmento não dá sinais de abrandar e de acordo com um estudo recente da consultora CBRE referente a Lisboa, “a cidade e o seu centro histórico possuem hoje uma dinâmica de reabilitação de edifícios nunca antes vista”. Esta é a zona onde, de acordo com a consultora, se concentra o maior número de edifícios em reabilitação, concluindo que durante todo o ano de 2015 tenham sido concluídos 40 projetos de habitação, com uma oferta de 524 fogos, sendo que os portugueses continuam a liderar as compras, embora os estrangeiros, sobretudo devido aos incentivos para captação de investimento, representem já 20% das vendas habitacionais monitorizadas pelo estudo. E este ano estima-se que sejam colocados no mercado outros 43 projetos habitacionais na cidade, sobretudo em resultado de reabilitação. 

Os anúncios de investimento têm vindo a avolumar-se e ainda recentemente foi apresentada uma nova marca portuguesa para reabilitar edifícios em Lisboa, investimento liderado pela Parimob. A Almaria apresenta-se já com uma carteira de 4 projetos nas zonas do Chiado, Santos e Corpo-Santo, num total de 60 apartamentos e um investimento de 15 milhões de euros, tendo anunciado que tem já em estudo novas oportunidades com foco no centro e casco histórico da cidade. Destes quatro edifícios, dois deverão ficar concluídos no 1º trimestre e outros dois no final do ano, sendo apenas um colocado para venda direta. Os restantes três serão colocados no mercado turístico através do arrendamento de curta duração. Esta é aliás umas da estratégias mais comuns para o investimento em reabilitação residencial em Lisboa: colocar os apartamentos para ocupação turística, tendo em conta o crescente fluxo de turistas que visitam a cidade.

Além deste investimento, só nos últimos meses do ano foram conhecidos diversos outros projetos em Lisboa. A consultora JLL revelou, no âmbito de diversas operações ou serviços em que está envolvida, dois novos projetos residenciais promovidos por um investidor estrangeiro na zona de influência da avenida da Liberdade, outro projeto da portuguesa Selecta também nesta zona; um projeto no início da avenida da Liberdade e ainda outro no Chiado. Este último é o Palácio das Belas Artes, que foi recentemente vendido e que será reabilitado, embora ainda não tenha sido divulgado para que fins. 

Também no Porto, a dinâmica de reabilitação tem sido acelerada e com provas dadas. De acordo com a Porto Vivo, SRU, entre final de 2005 e o final do 1º semestre de 2015 cada euro de investimento público na antiga ACCRU, que cobre a zona da Baixa e Centro Histórico sobretudo, captou 18 euros de investimento privado, o que faz comparar os 61,5 milhões de euros investidos pelo Estado e setor público com os 1,1 mil milhões investidos pelos privados nesses 10 anos. Aliás, de acordo com a Porto Vivo, 2015 terá mesmo sido o ano mais dinâmico de atividade de reabilitação urbana na cidade, a que não será alheia a valorização de preços dos imóveis nessa zona. De acordo com os últimos dados do Índice de Preços da Baixa do Porto, apurado pela Confidencial Imobiliário, entre o 2º semestre de 2014 e o 1º semestre de 2015, os preços cresceram 11% nessa zona, sendo que a valorização acumulada registada desde 2009 é de 65,1%. 

Para Álvaro Santos, Presidente da Porto Vivo, SRU, os dados mostram precisamente que “esta zona da cidade do Porto atingiu um ponto de atração irreversível e tem registado uma procura crescente por parte de investidores e promotores, muito suportados pelo mercado turístico, mas também, e cada vez mais, pelo segmento residencial”.

Fonte: Público Imobiliário

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