02 abril 2014

Os proprietários estão a dar menos períodos de carência


Os proprietários estão a dar menos períodos de carência
Assiste-se a um reequilíbrio do mercado de escritórios em 2014 e a uma maior estabilidade de preços, afirma Eduardo Fonseca, diretor do departamento de Escritórios da consultora Aguirre Newman.

A dinâmica da procura de escritórios no último trimestre de 2013 está a ser seguida no 1º trimestre deste ano?
Estando a chegar o final do 1º trimestre, podemos aferir duas realidades positivas sobre a dinâmica da procura. Fazendo uma análise quantitativamente, verificamos uma ligeira subida de procuras novas, assim como analisando as mesmas qualitativamente, o 1º trimestre de 2014, está a ser claramente mais positivo, pois sentimos por parte da procura uma maior “vontade” em concretizar negócio. 

Prova disso é a absorção alcançada nos diferentes anos, em que, no final do 1º trimestre de 2013, o mercado contou com uma absorção de 12.128 m2 e no final de fevereiro de 2014 alcançamos 10.891 m2, seguramente que no final deste mês, terminando assim o 1º trimestre de 2014, estaremos acima do valor alcançado em igual período de 2013.

A procura é influenciada por novos fatores, nomeadamente novas empresas no mercado e novos investidores institucionais?
O surgimento de novas empresas no mercado é significativo, registamos mesmo um aumento da procura de novas empresas. Destas destacamos maior número das “start ups”, no entanto, com procuras que na sua maioria não ultrapassam os 100 m2. Analisando o mercado internacional, este também está a contribuir para o aumento verificado, sendo neste caso empresas que contratam áreas acima dos 200 m2.

A procura de escritórios reflete uma nova dinâmica da economia nacional?
Encontramos sempre uma correlação direta entre o PIB Nacional e a absorção de escritórios. Neste início de ano, o aumento da confiança e a dinâmica da economia nacional é percetível pelas procuras de empresas que voltam a considerar o nosso país como mercado a explorar, algumas ainda de uma forma “tímida”, outras com muita consistência.

O que justifica a recuperação da zona do Parque das Nações? O preço? A proximidade ao aeroporto? A modernidade?
O ano de 2013, apesar de ter sido o pior ano para o mercado de escritórios, foi efetivamente um ano positivo para o Parque das Nações (Zona 5), sinal disso foi o facto de ter sido a única zona que conseguiu reduzir a área oferecida face ao ano anterior. O principal fator para esta realidade foi efetivamente a revisão dos valores de arrendamento, tendo havido em média, uma quebra de quase 15% comparativamente ao ano anterior. Aliando esta realidade à modernidade e qualidade dos edifícios encontramos as principais razões para esta recuperação.

O facto de Lisboa ser considerado um local bom para viver e trabalhar está a influenciar a decisão de multinacionais?
Claramente. Nos últimos dois a três anos temos acompanhado e concluído com sucesso a aposta de multinacionais no nosso mercado, ocupando algumas áreas (m2) significativas, onde encontram uma oferta de escritórios de qualidade com valores muito atrativos, mão-de-obra qualificada e igualmente mais baixa que em outras capitais europeias. Assistimos já a algumas dessas empresas a crescer e consecutivamente a aumentar a área ocupada. Tendo como muito positivo o efeito multiplicador, com algumas congéneres, perante o sucesso das anteriores, a expandir a sua atividade para Portugal. O facto de termos mão-de-obra qualificada com preços inferiores aos da maioria da UE e de não sermos demasiado protecionistas em relação à imigração é também um incentivo.

As exigências do cliente mantêm-se em termos de carências de rendas e de fit-out, ou há um maior equilíbrio entre proprietários e arrendatários?
Podemos dizer que as exigências por parte da procura se mantêm. No entanto, começamos a assistir a um maior equilíbrio principalmente nas zonas prime. Estamos em crer que o presente ano será um ano de encontrarmos um maior equilíbrio e estabilidade de preços. Com os números apresentados até ao momento, começamos a assistir a proprietários a atribuir menos período de carência.

A maior procura de escritórios tenderá a manter-se para o resto do ano?
Estamos confiantes que sim. Com as procuras que alcançamos diariamente e mantendo-se a confiança atingida neste momento, acreditamos mesmo num aumento da procura no último quadrimestre.

Há alterações a nível de yields?
Sim. Assistimos a uma diminuição das yields aplicadas, por força do aumento da procura e da falta de oferta de produtos que preencham os requisitos de grande parte destes investidores.

Faz sentido falar-se, em algumas zonas, de escassez de espaços a curto prazo?
O mercado de escritórios de Lisboa, apesar de continuar com uma área total disponível acima dos 600 mil m2, não há previsão, a curto prazo, de construção de novos edifícios de escritórios. Associada a esta realidade, parte da área oferecida, principalmente na zona centro da cidade, já não preenche os níveis de exigência por parte da procura. Perante esta realidade e acreditado no aumento da procura, poderemos facilmente falar em possível escassez principalmente de áreas de grande dimensão. A título de exemplo, atualmente, havendo uma empresa que pretenda ocupar uma área acima dos 5 mil m2 com qualidade na Zona 5 (Parque das Nações), não tem alternativas viáveis.

Vamos assistir à promoção imobiliária especulativa, ou ainda é cedo?
Em traços gerais, ainda é cedo para podermos falar em promoção imobiliária especulativa. Dentro da promoção imobiliária no mercado de escritórios e sem contabilizar a futura sede da EDP na Av. 24 de Julho, está previsto para este ano a entrada no mercado de arrendamento de aproximadamente mais 31 mil m2 num total de quatro edifícios, onde apenas um é construção nova, sendo os demais reabilitação dos atuais edifícios.

Fonte: OJE

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