09 abril 2014

Golden Visa fazem disparar preços das casas de luxo em Lisboa em 54%


Em Lisboa, os preços de venda das casas no segmento mais elevado do mercado atingiram uma média de 4.266€/m2 em 2013, influenciados pelas compras para efeitos de Golden Visa, revela a Confidencial Imobiliário. O Parque das Nações é uma das zonas mais procuradas, tendo os preços crescido 78% em 2013.
De acordo com um estudo desta entidade que será publicado, os preços das casas da gama mais alta do mercado de Lisboa cresceram 54% entre o final de 2012 e o final de 2013, chegando aos 4.266 euros por metro quadrado, um valor médio que deixa para trás os 3.700 euros a que se vendiam este tipo de casas ainda antes da crise estalar, no final de 2008.

Para a Confidencial Imobiliário (Ci), este resultado “traduz o efeito do Golden Visa”, o mecanismo que permite a obtenção de uma autorização de residência a quem fizer investimentos imobiliários a partir de 500 mil euros, uma perspetiva partilhada por Rafael Ascenso, Diretor Geral da Porta da Frente – Christhie’s, que refere ao Público Imobiliário que “temos mediado a venda de imóveis para chineses não apenas no Parque das Nações, mas também noutras zonas de Lisboa e Cascais. De facto, esta procura tem gerado grande movimento no mercado imobiliário, que tem conduzido a uma evolução positiva nos preços”. Ricardo Guimarães, diretor da Ci, explica que o “os dados SIR (que são a base do estudo) mostram, com clareza, algumas zonas onde os preços praticados no final de 2013 estão já muito acima do máximo que se praticava antes da crise financeira”.

O Parque das Nações e a Baixa de Lisboa são as zonas da cidade que mais se destacam, com os preços de venda de casas de luxo a atingir perto de 6.000 euros por metro quadrado no primeiro caso e 6.800 euros no segundo. Aliás, no Parque das Nações, “uma das localizações de investimento em imobiliário de luxo preferidas pelos estrangeiros”, diz a Ci, este preço resulta de um aumento de 78% ao longo de 2013, comparando com os 3.300 euros por metro quadrado a que foram vendidas as casas de gama alta nesta zona em 2012. Já no caso da Baixa de Lisboa, muito procurada para reabilitação urbana, o estudo nota que a subida de preços em 2013 surge em linha com a consolidação do ano 2012, em que já se notava uma tendência forte de crescimento. O estudo da Ci analisa dados do SIR (Sistema de Informação Residencial), através do qual esta entidade trata informação das vendas das principais imobiliárias a nível nacional, produzindo estatísticas sobre preços efetivos de transação.

Segundo os mediadores contactados pelo Público Imobiliário, estas duas zonas estão entre as preferidas pelos compradores de imóveis para Golden Visa em Lisboa, além de bairros como a Lapa, a Graça, o Chiado e ainda a Avenida da Liberdade e paralelas e as Avenidas Novas. As preferências principalmente entre os compradores de origem chinesa, que têm sido os mais dinâmicos na obtenção dos Golden Visa, vão para os “imóveis novos , a estrear, ou que tenham sido reabilitados, “diz Rui Pereira da Silva, Administrador da Cobertura, ao Público Imobiliário, notando que estes compradores “pretendem interiores contemporâneos e exteriores modernos, ou no caso das reabilitações, fachadas clássicas”.

Beatriz Rubio, CEO da Remax, confirma que esse tipo de comprador (estrangeiro) não pretende adquirir casas “com necessidade de realizar obras ou por reabilitar”, explicando que o alvo na Baixa e na zona da Avenida da Liberdade, é adquirir prédios inteiros, enquanto que no Parque das Nações, o preferido continua ser a aquisição de apartamentos. 

“Potencial tem que ser bem orientado”

Para Ricardo Guimarães, as compras para efeitos de Golden Visa são , sem dúvida, “uma grande oportunidade” para “atrair investimento e viabilizar projetos muito importantes para o mercado e o país”, contudo, nota este especialista, “esse potencial tem que ser bem orientado, sob pena de “convertemos uma oportunidade numa forte ameaça para o mercado, com repercussões negativas a prazo”. Na sua opinião, “para quem está vendedor, essa é uma oportunidade, obviamente”, mas há “necessidade de criar mecanismos para estabilizar o mercado, viabilizando que o fluxo de investimento não seja uma moda passageira, de curto prazo”, defendendo que uma ideia seria “preverse a possibilidade do investimento poder ser realizado também através de fundos de investimento”, trazendo, desta forma, “racionalidade para o mercado”.

Precisamente porque “não sabemos até quando este efeito do Golden Visa vai perdurar, Beatriz Rubio considera que é preciso continuar a apostar no mercado português, que representa cerca de 80% das vendas da rede Remax, contra os 10 a 11% das vendas a estrangeiros, incluindo transações de outras nacionalidades que não as que pretendem obtenção dos vistos dourados. “Continuamos a vender muito a portugueses, um mercado que está agora mais dinâmico. E é preciso continuar atento à dinâmica da mercado que temos, o português”, defende.

De acordo com a Confidencial Imobiliário, citando o mesmo estudo que analisa dados do SIR, os preços médios das vendas das casas em Lisboa situou-se em 1.805 euros por metro quadrado em 2013, o que apesar de evidenciar um decréscimo de 21% em 2013 face a 2008, denota já um abrandamento do ritmo da queda, especialmente desde 2011.

A queda anual registada em 2013 foi de 3,2%, quando em 2011 havia sido de 6,2% e de 5,4% em 2012. Para já, no momento atual, e conforme explica Ricardo Guimarães, da Ci, o que se nota é que o mercado está “partido”. “Temos por um lado o mercado doméstico, que está estabilizar, com descidas cada vez menores de preços, e por outro, o mercado objeto da procura para efeitos de obtenção de vistos, que está numa rota de escalada de preços”.

Fonte: Público

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